Sex, 05 de Dezembro

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A inteligência artificial vai acabar com o ensino de inglês?

Com o avanço acelerado da inteligência artificial, muita gente se pergunta: será que ainda vale investir tempo e esforço para aprender inglês? Com tradutores cada vez mais eficientes e aplicativos que prometem fluência em poucos cliques, é natural que surja o temor de que professores e cursos de idiomas percam espaço.

Mas a resposta é clara: não, a IA não vai acabar com o ensino de inglês. O que ela está fazendo e continuará é remodelar a forma como aprendemos a língua.

Dominar um idioma não se resume a conhecer palavras ou traduzir frases. É preciso contato constante com a língua-alvo, capacidade de interpretar contextos, ajustar o nível de formalidade e adaptar a comunicação ao interlocutor. Nesse sentido, a IA é uma ferramenta poderosa: funciona como um "segundo cérebro" sempre disponível, capaz de oferecer prática e exposição ao idioma a qualquer momento. Porém, falta-lhe aquilo que apenas o professor entrega: direção estratégica, adaptações precisas e a sensibilidade para entender o que cada aluno realmente precisa.

Dentro de uma sala de aula, o professor observa, interpreta, ajusta o vocabulário, percebe quando é hora de reforçar ou avançar, e adapta a abordagem para diferentes situações de comunicação. Por mais avançada que seja, a IA ainda trabalha com padrões fixos e não capta nuances culturais, tons de voz ou o contexto social que envolve a escolha das palavras.

Outro ponto crucial é a adequação linguística que acontece naturalmente em grupos de estudo. Em qualquer turma, há alunos que avançam mais rápido e outros que precisam de mais apoio. Essa diferença cria oportunidades riquíssimas de negociação de significado, troca de estratégias e adaptação do discurso, algo que simplesmente não ocorre em interações com máquinas.

Isso não significa que a IA não tenha um papel importante. Pelo contrário, ela amplia o alcance do aprendizado para além do horário de aula e oferece recursos extras que podem acelerar o progresso. Mas o inglês não é apenas gramática e tradução; é interação, cultura, comunicação viva. E é aí que o professor permanece insubstituível.

O futuro do ensino de inglês é híbrido. Professores que souberem integrar a IA ao seu trabalho terão mais ferramentas para engajar e apoiar seus alunos. E quem combinar a orientação humana com o uso inteligente dessas tecnologias terá mais chances de evoluir rápido e com qualidade. A IA não é o fim do aprendizado em curso de idiomas, mas sim o início de uma nova forma de ensinar e aprender.
 



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