Ter, 23 de Dezembro

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OPINIÃO

A soberba e a avareza terminam em lápides de cemitério

Encontrei dia desses uma pessoa que está ganhando muito dinheiro e se achava a última bolacha do pacote. Soberba, avarenta e mal-humorada com o atendimento ofertado delicadamente por uma garçonete em uma lanchonete. Parecia querer sobressair e aparecer por cima da pobre moça que tentava, ao máximo, agradar o cliente sem noção que preferia ostentar do que curtir, humilhar do que agradecer. Entendo que a busca pela importância é uma característica intrínseca à natureza humana. Desde os primórdios da civilização, as pessoas têm almejado reconhecimento, status e poder. No entanto, é fundamental compreender que a verdadeira importância reside não nas conquistas materiais ou na posição social, mas sim na forma como vivemos nossas vidas e no legado que deixamos para trás. Na impressão que causamos aos outros, a educação que damos e como tratamos os que possuem menos do que nós.

Aqueles que se consideram importantes, muitas vezes se iludem com a ideia de que são superiores aos demais, esquecendo-se da efemeridade da vida e da inevitabilidade da morte. No entanto, uma breve reflexão sobre a história da humanidade revela a insignificância dessas pretensões.
A frase "sabe com quem está falando?" é das mais ridículas e importunas que há. Grande bobeira dita por uma boca desdentada e cheia de maledicência.

As lápides nos cemitérios são testemunhas silenciosas dessa verdade. Lá repousam centenas, milhares de pessoas que um dia foram consideradas importantes: famosos, milionários, detentores de poder. No entanto, diante da morte, todos se tornam iguais. O pó que os cobre não faz distinção entre riqueza e pobreza, entre poder e insignificância.

Nesse sentido, as lápides nos convidam a uma profunda reflexão sobre o que verdadeiramente importa na vida. Não são os bens materiais acumulados, nem o poder conquistado, mas sim as virtudes que cultivamos, os valores que defendemos e as relações que construímos. É a maneira como tratamos nossos semelhantes, o impacto que causamos no mundo ao nosso redor e o legado de bondade e compaixão que deixamos para as gerações futuras que verdadeiramente determinam nossa importância.

Em vez de buscar validação externa ou se envolver em uma competição por status e poder, devemos direcionar nossas energias para cultivar uma vida de significado e propósito. Somente assim poderemos transcender a efemeridade da existência humana e encontrar uma verdadeira e duradoura importância, que perdurará além dos limites da vida terrena.

*Jornalista, radialista, filósofo

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