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OPINIÃO

A todos que representam a imensa Nação Rubro-negra

Podem ficar tranquilos que, falando em nome da família de Homero, aqui presente, serei muito breve e me limitarei a ler e comentar sumariamente o prefácio que escrevi com carinho e orgulho para o livro.

A saga da conquista do Campeonato Brasileiro de 1987, vivida dentro e fora das quatro linhas, é um dos mais importantes capítulos da história do Sport Club do Recife. Não podia deixar de ser escrita e assim eternizada para as mais novas e para as futuras gerações de rubro-negros pernambucanos. 

Essa importância transcende a mera conquista esportiva. Vai muito além. Afinal, o título de Campeão Nacional, reivindicado teimosamente pela prepotência dos dirigentes do Flamengo, com o apoio da grande imprensa, foi ratificado em todas as instâncias da Justiça, e tornou-se por isso um marco de afirmação e de respeito à nossa condição nordestina. Foi um basta às irregularidades praticadas e fomentadas durante tanto tempo por uma suposta superioridade sulista e sudestina, no mundo do futebol. E além do futebol, foi um resgate da moralidade, da cidadania e do respeito à lei e ao estado democrático de direito, de um país federativo. 

Contada em livro com toda a legitimidade pelo protagonista maior desse feito – aquele que como poucos personifica o espírito, a altivez e a raça do Leão da Ilha - e revelando episódios inéditos impressionantes, com riqueza de detalhes evidenciados numa documentação fotográfica riquíssima, essa história vai surpreender, encantar e encher de orgulho não só o nosso torcedor, mas toda a nossa gente.  

Quanto a mim, fui profundamente tocado com a homenagem in memoriam feita no livro ao nosso irmão mais velho Marcio, que nos levou ainda crianças, pela primeira vez, a um jogo na Ilha, sacramentando a nossa opção de clube, embora contrariando o desejo do nosso pai Mario Lacerda, torcedor do Náutico.

A propósito, uma curiosidade. Uma ironia do destino: passados muitos anos, eu pude me redimir e agradar um pouco o nosso pai- por sinal homem extremamente humano e generoso - quando tive a oportunidade de transplantar o fígado de quatro ex-jogadores da geração hexa do Náutico: Gena, Nino, Gilson Costa e Hagápito, todos com o vírus da hepatite C, transmitida nas injeções de energizantes aplicadas nas vestiárias da época. Posteriormente, com a convivência da relação médico/paciente, os quatro se revelaram para mim seres humanos incríveis, apesar de alvirrubros. 

Finalmente, e por oportuno, vale dizer que as contribuições de Homero Lacerda ao Sport vão muito além do futebol. O patrimônio imobiliário colossal dessa Ilha do Retiro esteve ameaçado pela especulação imobiliária em vários momentos ao longo das últimas décadas. Não fossem as intervenções de Homero, de uma trincheira liderada por ele, com outros ilustres rubro-negros, como Silvio Neves Batista, em vez dos espaços de prática de esportes olímpicos e de convivência social intocáveis que temos hoje, berço da formação de futuras lideranças rubro-negras, onde existem escolinhas de diferentes modalidades e muita inclusão social, o que teríamos seriam grandes  edificações, verdadeiros espigões, destinados a interesses distantes da razão de ser do  Clube e da maior e mais gloriosa torcida do Norte e Nordeste do Brasil. 

Por tudo isso, passados 36 anos, é hora de reviver essa edificante história. 

Nossas últimas palavras são para expressar, em nome da família de Homero, o nosso mais profundo sentimento de gratidão. 

Aos jornalistas Claudemir Gomes e Beto Lago, consultores editoriais, pelo trabalho magnífico.

Ao Presidente Yuri Romão, pelo apoio incondicional e irrestrito. Yuri que está fazendo uma administração histórica. Estruturante. Voltada para o futuro, sem esquecer do presente. 

Gratidão pela presença neste evento de tantas lideranças rubro-negras. Todas com relevantes contribuições prestadas ao Clube. 

Que essa união que se vê hoje aqui, tão    sonhada por Yuri, por Homero e pelos nossos mais humildes torcedores, até aqueles que têm no Sport uma das poucas “razões para viver”, se perpetue. Esse é o único caminho para a grandeza que nos aguarda e que nos é devida. Se chegamos lá em 1987, por esse caminho, o caminho da união, haveremos de chegar lá muitas outras vezes, e ficar lá, porque esse é o lugar do SPORT CLUB do RECIFE.

Por tudo isso, meu querido Almir Rouche, mais do que nunca, é hora de gritar, alto e bom som, pelo Sport Tudo. 
Obrigado.


Claudio Lacerda 

* Médico

 

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