Dom, 21 de Dezembro

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Opinião

Benditas Chuvas

Com tristeza, vi o sertão ser ou aparentar estar derrotado pela seca inclemente que distorce árvores, queima e deixa esturricado a terra. O sol inclemente vem forte e não tem piedade.

Séculos e mais séculos, este torrão situado no leste do País, passa por este desprazer. Por vezes, consegue ultrapassar as intempéries, vezes vence a seca, a falta de água, de alimentos, de flores, que poderiam iluminar o semblante enrugado do matuto forte e esperançoso.

A terra arde, qualquer faísca, leva a um incêndio. Os garranchos estão por toda parte, o que antes era encoberto pelas plantações, estão desnudados, mostram o miolo de estacas e casas de taipas. Açudes secos, céu limpo, gente esbaforida pelas ondas de calor. Falta chuva.

Meu olhar quedou-se de compaixão, e calada, ergui meu olhar para Deus e lhe supliquei pelas trovoadas, pelas chuvas, derramei lágrimas. Eu assegurei ao meu coração que Ele ouviu meu pedido e num arrepio de Amor, escondeu o sol. As lágrimas que derramei, se misturaram as chuvas torrenciais que se seguiram dia após dia.

Hoje, meu caminhar não mais vislumbrou a secura anterior, até vi plantações, homens capinando a terra, o ar mais ameno, o céu cheio de nuvens, escuras, voluptuosas. Tudo brinda a Deus pelas chuvas, tudo enfeitado pela volta das chuvas, a mata em flor desperta para novo alvorecer.

Maria Lúcia de Araújo Nogueira, Advogada, em 08/02/2025.      

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