Crime, o quarto poder do Brasil?
O crime em todas as suas modalidades tem literalmente roubado até a cena no Brasil.
Com efeito, em vertiginosa escala crescente do ladrão de galinha ao mega assalto aos pensionistas do INSS, passando pelas emendas e remendas de destinação duvidosa, a criminalidade tem ocupado todos os espaços possíveis na República do Brasil, a tal ponto que não será de admirar se de repente formos surpreendidos com a transformação da famosa praça na Capital Federal em praça dos quatro poderes com direito a palácio e tudo.
Exageros à parte, ressalvando nosso particular reconhecimento as exceções, resquícios ainda presentes do ético, honesto, saudável e democrático bom comportamento de expressiva parcela de gestores públicos e privados, seria de todo recomendável e urgente, que se adotasse providências de caráter emergencial, para a tentativa de sustar a evolução da verdadeira epidemia criminosa que grassa na Nação, infelizmente mais uma vez confirmando para nosso constrangimento a pertinência da declaração do presidente francês Charles de Gaulle há setenta anos atrás, de que “O Brasil não é um país sério”.
A criminalidade que nos últimos anos ampliou vertiginosamente seu território no Rio de Janeiro, com o concurso das milícias, na baixada fluminense e nos morros cariocas, expandiu-se com impressionante velocidade, não apenas no Sudeste, destacando-se São Paulo refém de poderosas e criminosas agremiações, mas também para todos os quadrantes do País, normalizando o crime fora de controle federal e estadual, do pequeno ilícito ao hediondo, como exemplo maior o caso Marielle e tantos outros do gênero, bárbaro, vergonhoso, rotulando a outrora “Cidade Maravilhosa” não apenas de encantos mil, mas dos assaltos mil, do Cristo Redentor de braços abertos pedindo socorro com medo de ser alvejado por alguma bala perdida.
Sob outro ângulo do descontrole, salta aos olhos de evidências a completa ausência de harmonia entre os poderes da República, o legislativo batendo cabeças no jogo de oportunismo em causa própria, do Judiciário agindo sozinho e sem respaldo ou contenção aos eventuais excessos, e o executivo atônito, percebendo que 2026 pode estar precocemente indo embora sem direito a retorno na expectativa de quem quer que seja.
É lamentável que o Brasil dotado de tantas virtudes naturais, presente que Deus nos deu, povo alegre, a despeito das mazelas de ontem e de hoje que nos acometeram com graves reflexos políticos, econômicos e sociais, e mesmo assim sobrevivemos a trancos e barrancos, sustos e sobressaltos de toda espécie, e de quebra polarizado entre o ridículo nós e eles, como se o nós fosse melhor do que o eles e vice versa, quando somos todos e todas farinha do mesmo saco da mandioca ancestral, mistura de raças e credos que um dia desfrutaram do privilégio de convívio e interação harmônica, democrática, civilizada, características que se perderam no tempo de difícil ou quase impossível resgate, e que nos tornaram vulneráveis, as críticas dos lúcidos e civilizados do bem, de dentro e de fora do País.
Muito pior do que o pejorativo apelido de país “bananeiro”, pouco ou nada sério, é ser antro perigoso, inseguro, imundo, doente, criminoso, a espantar os investimentos de parceiros estrangeiros diretos e indiretos que tanto precisamos.
Mas como sonhar não ofende, quem sabe se não seria possível com grande esforço e comunhão nacional, tirar partido da tragédia global, permeada como nunca visto de guerras fratricidas e antagonismos, e se destacar como exceção, como um porto seguro, exemplo a oferecer oportunidades a gregos e troianos, pobres e ricos, até mesmo aos super pobres, indigentes, e aos super ricos, que nada possuem além do cifrão, temos tudo para dar partida no utópico e saudável delírio otimista, forjado no gabinete da paz, da fraternidade, do altruísmo e não em bancadas do ódio, quem sabe, talvez seja nossa derradeira chance.
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