O dia seguinte
Ou “day after”, para não deixar de lado os fulanos daqui e de fora, sobre os últimos episódios decorrentes do exercício da Democracia no Brasil, e infelizmente, de outros acontecimentos indignos de destaques.
As reações internas, ainda sob extrema perplexidade dos golpistas, revelam um surpreendente silêncio, e no lado de fora, discretas e ameaçadoras insinuações de sanções e até mesmo de aparatos bélicos ao território nacional, a exemplo das visitações inquisitórias as costas da vizinha Venezuela.
Lamentando os acontecimentos que ensejaram as investigações, confirmando sobejamente os crimes cometidos pela quadrilha de meliantes ao Estado Democrático de Direito, e ao patrimônio público, resultando nas condenações legais pertinentes, com exuberante profusão de provas revelando um impressionante destemor e a mais absoluta certeza da impunidade, reafirmamos a crença de que “tem males que vem para o bem”, pois a oportunidade serviu para mostrar mais uma vez, que “o crime não compensa”, ainda mais quando a vítima é coletiva, todos nós, protegidos pelo que nos resta, a Democracia, e seu aparato protetor, que se mostrou eficiente na vigília e enfrentamento a prática deletéria.
Esperamos que o ocorrido e suas consequências, nos meses que antecedem a chegada do emblemático 2026, sirvam como estímulo a uma reflexão no contexto do Congresso Nacional, representação maior da vontade do povo, a espera de ambiente pacificador, que seja capaz de restaurar a combalida esperança por dias melhores.
Que o oportunismo político voltado para o atendimento particular, renovado com a pouca-vergonha da PEC da Blindagem, dê lugar às extremas necessidades e carências coletivas, priorizando o essencial, à saúde, a moradia digna, a educação elementar, a subsistência, que não prescinde da alimentação, os ajustes necessários no modelo de gestão, de sorte que o braço do atendimento chegue a todos igualmente em todas as regiões do país, principalmente ao Nordeste como o espaço mais carente do Brasil.
Pela primeira vez em décadas, talvez em séculos, finalmente parecia que a justiça havia vencido o “quero, posso e mando” no Brasil, o “salve-se quem puder”, para dar lugar a Democracia, triunfo da liberdade civilizada, modelo para o mundo convulsionado como está, vítima da crueldade dos tiranos de plantão e seus filhotes, até que surge a notícia da nomeação do “parlamentar exterior” comandando as agressões ao seu país, e para complementar, a tentativa de modificação na Constituição para tornar inimputáveis os representantes do povo brasileiro.
Desprovido da vontade de comemorar, pois não se deve festejar a desgraça alheia, por mais merecida que seja ou tenha sido, é preferível imaginar sem emoção, que o ocorrido aconteceu por equivocada opção dos autores, ingenuamente certos de que nada de ruim aconteceria no desenrolar das tramas golpistas.
Que a experiência sirva como referência e alerta para o mundo, mergulhado que está em desarranjos de toda ordem, por escolhas erradas, esquecendo-se dos acontecimentos passados e presentes, que tem se repetido em todos os quadrantes da Terra em atômica velocidade, comprometendo o hoje e o amanhã, a exemplo do cruel genocídio em Gaza, a esperança que se esvai pelos eventos daqui e de fora.
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