Seg, 22 de Dezembro

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OPINIÃO

O fim das collabs? Por que negócios abertos por influenciadores devem virar tendência

As colaborações entre influenciadores e marcas, as famosas "collabs", foram, por muito tempo, o centro do ecossistema digital. Durante a última década, elas dominaram as estratégias de marketing, moldando o que entendemos hoje como a relação entre criadores de conteúdo e empresas. No entanto, o cenário está mudando rapidamente. As collabs, tal como as conhecemos, começam a perder a relevância. O que antes parecia uma fórmula de sucesso para marcas e influenciadores está se tornando, aos poucos, um recurso obsoleto, que já não carrega o mesmo impacto de antes. E, se a tendência continuar, podemos estar testemunhando o fim de uma era.

Esse tipo de parcerias funcionou bem quando os criadores de conteúdos estavam em processo de profissionalização, como uma via de mão dupla: enquanto as marcas ganhavam visibilidade e autenticidade junto a audiências engajadas, os influenciadores viam nas collabs uma importante fonte de monetização. Havia um elemento de surpresa, uma novidade em relação às próprias plataformas, e a ausência de expectativa do público fazia com que os elementos publicitários se misturassem de forma mais orgânica com o conteúdo das plataformas.

No entanto, o mercado de influenciadores ao longo de mais de uma década se tornou saturado. E o valor das collabs começou a ser questionado, junto com a eficácia de estratégias antigas. A verdade é que o que estamos presenciando hoje é o fim de um ciclo: o enfraquecimento das parcerias tradicionais e o nascimento de um novo modelo de monetização, que coloca a criatividade e a autenticidade em primeiro plano. Não estamos dizendo que as collabs estão desaparecendo, mas sim que seu formato tradicional, baseado apenas em posts pagos e métricas superficiais, está em queda.

Não é de hoje que acompanhamos um movimento de influenciadores buscando alternativas mais sustentáveis e autênticas para sua monetização. O caminho mais promissor parece ser a criação de negócios próprios. Diversificar fontes de receita é essencial para evitar a comoditização do trabalho, além de garantir uma maior independência financeira. 

Os influenciadores que decidem criar seus próprios negócios estão se antecipando a uma mudança inevitável no mercado digital. Essa transição de criadores de conteúdo para empreendedores não é apenas um reflexo do amadurecimento do mercado, mas também uma resposta a toda perspectiva já apontada acima. 

Exemplos como Virgínia Fonseca, Bianca Andrade (Boca Rosa) e até Whindersson Nunes, que lançaram marcas, filmes e produtos, mostram como diversificar não só maximiza o impacto financeiro, mas também reforça a relevância e autenticidade desses influenciadores. Eles passam a ditar tendências e a moldar comportamentos em seus nichos, enquanto constroem legados. E essa tendência não se limita a grandes nomes, como os citados acima, é algo transversal ao ecossistema. 

Esse modelo de negócios representa o futuro do marketing de influência. Afinal, as audiências buscam autenticidade e consistência, e nada entrega isso de forma mais potente do que um produto ou serviço desenvolvido por quem viveu a jornada e entende, como ninguém, as dores e os desejos de sua comunidade.

Podemos afirmar que esse não é um simples fim das collabs, mas o começo de um, onde os criadores de conteúdo assumem um papel de protagonismo no mercado, a partir da construção de negócios que refletem quem eles são e o impacto que desejam deixar. Este movimento não é apenas uma tendência passageira; é uma mudança estrutural que moldará o futuro do mercado digital e da economia criativa.


* Sócio-fundador da Plastic Panda.

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