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OPINIÃO

O Lobo Lendário

      Não me refiro aqui ao corriqueiro personagem das histórias infantis. Quem é do futebol sabe a razão dessa referência. Sim, reverencio ao "velho lobo", ninguém menos que Mário Jorge Lobo Zagallo. Uma espécie de "imortal" do futebol brasileiro, que agora, definitivamente, tornou-se um exemplar registro histórico. Com a singeleza de ser tratado como lenda. Triste saber que se foi o último titular da equipe campeã do mundo em 1958. Sua chegada noutro plano, talvez já numa grama demarcada por 4 linhas, pode ter o significado de "tirar o centro", daquele que representa o jogo dos eternos. Os verdadeiros apaixonados pelo esporte mais popular do universo, sabe bem do significado que agora escrevo.

      Encantei-me com o futebol em 1966/67. Mas, foi com a seleção brasileira de 70, a maior de todas, que esse encantamento virou amor eterno. Se sempre fui capaz de lembrar do elenco e até de cada gol daquela Copa do tricampeonato, impossível não pôr em evidência o comandante Zagallo. Independente do papel que Saldanha exerceu e das questões políticas que estiveram presentes fora das quatro linhas, a presença dele com a coragem de pôr em campo craques que nos seus clubes atuavam nas mesmas funções, foi coisa de predestinado.

      De fato, nosso "velho lobo" foi fadado ao sucesso. E com a sorte insuperável temperada pelos bem validos, posto que costumava carregar consigo, o apego inseparável pelo número 13. Um sucesso profissional que se deu como atleta de disciplina tática e com qualificação técnica. Tanto quanto como treinador, perseverante na aplicação desses mesmos conceitos.

      Particularmente, confesso que tive inúmeros momentos de divergência, por conta de certas posturas enquanto treinador da seleção. Isso não me impede, evidentemente, de reconhecê-lo como o maior de todos, pelo histórico das conquistas alcançadas e pela sua dedicação plena no exercicio da árdua missão de treinar o "esquadrão canarinho". De certa maneira, sua disposição de "formiguinha", no conceito e na disciplina dos seus planos táticos, terminou por me reconhecer como mais um que teve que "engolir"  suas conquistas. Não há como dissociá-lo da condição de um gigante vitorioso.

      Pouco mais de um ano após a morte do "Rei Pelé", que pouco foi lembrada devido a memória curta dos brasileiros, Zagallo é mais um mito que nos deixa com o sentimento pleno de orfandade. Ainda bem que a História existe para deixar o registro dos mitos. Com o reforço da firme ideia da lenda. Fica aqui minha saudosa homenagem ao Lobo.

Detalhe final: o título desse texto tem 13 letras. Não poderia ser diferente.

 

* Economista e desportista

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