O PIB e as cidades brasileiras
Mais um carimbo das desigualdades brasileiras. Desta vez é a concentração do nosso PIB – Produto Interno Bruto. Não custa lembrar que o PIB representa a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país durante um período. Indica a atividade econômica da nação. Pode ser, naturalmente, de um estado, de uma região, de uma cidade. No caso do Brasil, os levantamentos são realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
No momento, vamos nos fixar num recente estudo divulgado pelo IBGE baseado em dados apurados em 2023, quando os 20 primeiros lugares entre as cidades brasileiras que possuíam os maiores PIBs eram, pela ordem: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Osasco, Maricá, Porto Alegre, Guarulhos, Fortaleza, Campinas, Niterói, Salvador, Goiânia, São Bernardo do Campo, Barueri, Jundiaí, Recife e Duque de Caxias. De onde se extrai que, apenas, três cidades são nordestinas: Fortaleza, Salvador e Recife. Enquanto São Paulo lidera com sete e Rio de Janeiro com quatro e mais Belo Horizonte, totalizando 12 municípios do Sudeste, ressaltando que São Paulo e Rio de Janeiro ocupam as lideranças.
O IBGE, por sua vez, conclui que os munícipios que apresentaram maiores participações de ganho no período analisado, todos ficam no Rio de Janeiro: Maricá, Saquarema e Niterói. O estudo do IBGE é muito amplo e dele, podemos extrair que as 87 cidades com os maiores PIBs representavam 50% do PIB brasileiro e abrigavam 36,7% da nossa população. E, ainda, há o detalhe que os 11 primeiros munícipios hospedam 16,6% dos habitantes e são responsáveis por 25% do PIB nacional. Poderia ser uma distorção.
Por sua vez, em suas análises e estudos, no IBGE, existe o que se convencionou chamar as “cidades bilionárias”. Em 2021, noventa e duas cidades apresentaram receitas superiores a R$ 1 bilhão. O que representa um terço da nossa população com um orçamento de R$ 344,3 bilhões. São Paulo, como sempre, lidera. Com 29 cidades bilionárias. Minas Gerais tem oito. Paraná e Rio de Janeiro, sete cada uma. Pernambuco tem três, tal qual a Bahia. Santa Catarina, Pará e Goiás quatro em cada um dos Estados e Mato Grosso do Sul e Paraíba, duas cada um. Onze Estados, com apenas uma cidade bilionária. Algo um tanto contundente e até agressivo.
Pela ordem, as 20 maiores receitas por cidades, são: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), Manaus (AM), Campinas (SP), Goiânia (GO), Recife (PE), Guarulhos (SP), São Bernardo do Campo (SP), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Barueri (SP), São Luís (MA), Belém (PA), São José dos Campos (SP) e Osasco (SP). Vê-se mais uma vez, a liderança incontestável de São Paulo com sete cidades no ranking c comprovando sua importância para a economia do Brasil.
Pare se analisar a importância das cidades bilionárias, em 2018 eram 65 municípios. Em 2019, 71 cidades arrecadavam mais de 1 bilhão de reais. Em 2020, passou para 82 municípios. Em 2021, atingiu 92 municípios.
O IBGE também, selecionou os 10 municípios com maior participação no PIB, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba, Osasco, Maricá , Porto Alegre e Guarulhos. De onde se conclui que com exceção de Manaus, na região norte, todos os demais estão na região Sul com predominância do Sudeste. Brasília, capital do país também figura na lista devido a concentração da administração pública. O destaque fica para o desempenho de Maricá, cidade do interior do Rio de Janeiro devido a extração de petróleo e gás. Só de royalties, em 2021, Maricá recebeu R$ 1,33 bilhão.
Pode acontecer e sempre acontece em todos os países, concentrações de PIBs nos maiores aglomerados urbanos. Sem dúvida. Mas só em economias subdesenvolvidas ou em desenvolvimento admitem tamanhas desigualdades sociais, políticas e econômicas. Com tantas agressividades e tamanhas deformidades. É desumano. Repercute na renda per capta, no nível de moradia, na educação, na saúde, no saneamento, na infraestrutura. Quanta desigualdade! Na distribuição das rendas e empregos. Tamanha concentração não pode ser salutar em qualquer lugar do mundo!
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