Os imperdoáveis
Unforgiven (Os Imperdoáveis, no Brasil), de 1992 é o filme dirigido e estrelado por Clint Eastwood, com elenco de primeira. Faroeste dos bons que não são mais vistos hoje em dia. Quando aparece, misturam vampiros, seres “estranhos” e situações que não eram vistas nas obras “de raiz”. “Os Imperdoáveis” e “Dança com Lobos” são pedras valiosas diante do terreno escasso de filmes do gênero, que teve John Ford (hors concours), Anthony Mann, Delmer Daves, George Stevens, Howard Hawks, Budd Boetticher, Sam Peckinpah, John Huston, William Wyler e mais uns seis ou sete que foram os grandes mestres do gênero e, s.m.j, não deixaram herdeiros.
O filme narra história que se passa em 1880, envolvendo prostitutas, pistoleiros, xerifes, donos de saloon – tudo que um bom faroeste contempla. Um dos bandidos corta o rosto de uma prostituta com faca e, mesmo com o crime confirmado, a autoridade libera o malfeitor. Independentemente da profissão, o crime não pode ficar impune. Aí começa a melhor parte e quem quiser saber o final deve se valer dos velhos e bons DVDs ou de alguma plataforma digital que reproduza o “dito cujo” filme.
Comecei “falando” sobre filme e sobre o gênero faroeste e perdi o caminho. Reencontrei. Foi por conta do Dia do Cuscuz. Recebi aviso pelo whatsapp informando sobre o produto, que é feito com farinha de milho, amassada à mão, colocada na cuscuzeira e levada ao fogo. É comida típica nordestina brasileira e tem status de prato nacional na Tunísia.
Pois bem, recebi o post sobre o Dia do Cuscuz e fiquei me perguntando “é para comer cuscuz?”, “é para mandar um litle cuscuz para os amigos?”, “é para colocar uma bandeira com a imagem do cuscuz na frente da casa?”. Não obtive resposta. Há outras datas importantes comemorativas. Recebi uma relação e selecionei algumas: dia da gaita de foles, da pochete, da abelha, do hamburger, do gordo, do sorvete, das saudações, da iluminação, dos introvertidos, da ressaca, da iluminação por velas etc.- todas já inseridas no calendário.
O calendário está incompleto. Aproveitei a deixa e estou sugerindo a criação de outras datas: dia do canalha, do corno, do estelionatário, do mal-intencionado, do mais esperto, do seboso, do dedo-duro, do fofoqueiro, da lorota, da meleca, do calote, do trambiqueiro, do avarento, da alma sebosa e vai por aí. Não pode ficar de fora o dia do “sem perdão”, dedicado àqueles(as) que fizeram coisas “feias”, como, por exemplo, os que mandaram o povo ficar em casa, usar máscara, fechar os negócios, proibir o uso de certos medicamentos etc. – no período da pandemia (Covid-19). Devem receber posts de felicitações e a indicação do caminho do inferno. Sem perdão, sem volta. Se acharem ruim, podem reclamar junto a William Munny (1).
(1) nome do personagem de C. Eastwood no filme “Os Imperdoáveis”
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