Sex, 05 de Dezembro

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Paul Virilio: arquiteto e filósofo francês previu a velocidade e aceleração na sociedade

Paul Virilio nasce em Paris, em 1932. Foi arquiteto e filósofo. Cresce estudando em pleno desenrolar da Segunda Guerra Mundial, tornando-se conhecido por suas contribuições teóricas sobre a velocidade e a aceleração e abordando e perquirindo os efeitos impactantes desses fenômenos na sociedade contemporânea. Virilio, em seus estudos, já afirmava que a informática, como a ciência do futuro, quebraria distâncias e encheria o ser humano de milhares de informações. 
                                                                                                                                                      Ele é considerado um crítico em relação às implicações dos meios de comunicação de massa ao afirmar que a cibernética – ciência que tem por objeto o estudo comparativo dos sistemas e mecanismos de controle automático, regulação e comunicação nos seres vivos e nas máquinas  como a internet, todos deveriam usar de forma ética e civilizada – pensadores, filósofos e intelectuais – em busca de um mundo melhor.        

Em seus textos e comentários sobre a automação – narrava Virilio – que o uso da tecnologia  para realizar tarefas com o mínimo de intervenção humana era criticado por ele a respeito do empobrecimento da população. Uma das suas contribuições para a filosofia foi o seu estudo e a sua análise sobre a velocidade e aceleração na sociedade contemporânea, afirmando que “a velocidade se tornou uma força dominante em todos os aspectos da vida moderna, desde o transporte até a comunicação, e ambas têm efeitos profundos na experiência humana e na organização social”. 

Afirmava ainda que “a velocidade cria uma sensação de vertigem e perda de controle, levando a uma sensação de ansiedade e alienação, onde a realidade é definida por um mundo virtual e que a pressa dita o ritmo das mídias e se nega a reflexão e se intensifica a superficialidade”.   

Virilio realizou importantes abordagens sobre a relação entre tecnologia e guerra.  Argumentava que a tecnologia moderna, sobretudo a tecnologia militar, tem papel relevante na formação da sociedade contemporânea. Sobre guerras – ele as considera como “uma força motriz por trás do desenvolvimento tecnológico, sendo mais rápida e eficiente, impessoal e desumana. E a tecnologia, dessa forma, torna-se um meio de controle e dominação”. 

Para Virilio, a cidade contemporânea tornou-se um espaço de controle e consumo, “onde a velocidade e a eficiência são valorizadas em detrimento da qualidade de vida e da experiência humana e que as pessoas são constantemente bombardeadas por estímulos e informações”. Paul Virilio também foi um admirador do teatro e da dança, afirmando que “o teatro e a dança são as duas únicas linhas de resistência à virtualização”. 

E continua “o teatro e a dança têm necessidade de apresentar o corpo, sendo, assim, são as artes do corpo por excelência. É preciso preservá-las”, expressava, “do contrário, provaremos que as novas tecnologias são exterminadoras dos corpos não apenas através do desemprego, da miséria, mas também da referência à corporalidade, isto é, à própria teatralidade”.  
Virilio –  filósofo com visão de futuro estudou e previu séries de mudanças na sociedade contemporânea, sendo impactadas sob a influência das novas tecnologias.

E assim, vivemos, atualmente, em uma sociedade profundamente mutável com novos hábitos e  comportamentos os quais muitas vezes nos deixam inteiramente perplexos, sob uma narrativa de “são novos tempos”, mas tempos estranhos demasiadamente. 


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* Arquiteto, pós-doctor em Arqueologia e Conservação do Patrimônio Histórico, professor titular do Departamento de Arqueologia da UFPE.

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