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OPINIÃO

Produzindo narrativas com sentido em um digital cada vez mais vazio

O volume e a saturação de informações, bem como a superficialidade das interações on-line de forma geral, podem gerar um sentimento de vazio no ser humano, que carece de relações significativas, uma vez que isso está diretamente relacionado à nossa existência. Uma marca que hoje quer se destacar no mercado precisa estar no on-line, não há outro caminho.

Uma das formas de construir essa presença digital é através da produção de conteúdo. Atividade, essa, que se torna cada dia mais desafiadora pelo volume de novas tecnologias e recursos disponíveis, fazendo com que as pessoas acabem se perdendo no meio dessa infinidade de possibilidades e não tenham clareza por onde começar, de fato, esse movimento de marca no digital.

No entanto, há sempre um caminho mais leve para seguir e isso envolve saber fazer boas escolhas. Para tal, o caminho é o autoconhecimento. Uma poderosa ferramenta de comunicação que podemos acessar, não só para melhorar como pessoa e/ou profissional, mas o principal que considero: saber o que quer. Graças ao aquecimento do digital, sobretudo no contexto pós-pandêmico, vários movimentos de autoconhecimento vêm ganhando força; uma temática que considero fundamental e indispensável para produtores de conteúdo no geral.

Após o mergulho no autoconhecimento, o ponto de partida é fazer uma escolha para o seu movimento de marca que te deixe feliz e em paz. O caminho que achei, durante a minha jornada empreendendo no digital, foi o de desenvolver narrativas memoráveis. No início, apenas para empreendedoras no começo de suas jornadas. Agora, para marcas que querem criar seu posicionamento no digital e se perdem no volume de “regras” e padrões, sem fazer ideia por onde e de que forma podem começar esse movimento com constância, qualidade e presença, enaltecendo o significado autoral da sua marca.

A neurociência revela que, quando experimentamos emoções ao ler ou ouvir uma história, nosso cérebro libera neurotransmissores, como a dopamina e a oxitocina, ligados à felicidade e ao afeto. Em outras palavras, as histórias nos fazem sentir e vivenciar as experiências dos personagens, construindo pontes emocionais com as nossas vidas. Histórias eficazes nos fazem sentir emoções. As emoções aumentam nossa capacidade de memorizar experiências e, assim, ajudam a melhorar o processamento de informações.

A narrativa é uma mensagem que você comunica sobre você, sua marca, seus clientes, e/ou consumidores e, continua sendo uma ferramenta poderosa para conectar pessoas, transmitir valores e criar significado. Significado: faz sentido afirmar que isso está em falta hoje em dia no digital? Ouvi essa frase em um evento que participei sobre empreendedorismo, da pesquisadora, professora e palestrante Martha Gabriel, e isso nunca me saiu da cabeça: “Por que você posta o que posta?”.

Muitas vezes, fazemos o movimento automático de repostar conteúdos prontos ou de produzir algo porque os outros estão fazendo e está dando “muito certo”. Sequer questionamos o sentido real por trás daquilo e deixamos de lado algo valioso: nossa originalidade. É um dos principais fundamentos para uma narrativa com sentido. É dela de onde surgem as conexões com as pessoas, que são fundamentais para o processo de vendas, afinal, você não compra de quem você não se identifica, certo? E vamos combinar que uma das finalidades da existência de qualquer marca é vender.

Nesse contexto, há outros caminhos que considero mais saudáveis para construir um posicionamento de marca, hoje, no digital. Vou compartilhar aqui quatro estratégias que você pode implementar ao produzir as suas narrativas ou para seus clientes.

Clareza do seu posicionamento. O que você quer alcançar com a sua marca? Quem você quer impactar com a sua mensagem? Quer vender um produto ou serviço? Com essa clareza, que começa no autoconhecimento (lembre-se: é o que faz sentido para você), você consegue ir para o próximo passo com mais consciência e leveza.

Planejamento consciente. Muito se fala em planejamento, pouco sobre sua real função. Consiste no ato de criar antecipadamente uma ação, desenvolvendo estratégias programadas para atingir determinado objetivo. Faça algo que conseguirá tirar do papel de forma prática na sua rotina, especialmente se você for empreendedor (a), pois, a jornada tende a ser mais desafiadora. Olhe para sua realidade de hoje, consegue fazer o quê? Execute, se possível, com leveza e presença.

Execução com sentido. Se você só pode postar duas vezes na semana, ótimo. Não adianta postar muito e ter zero engajamento, que é quando as pessoas reagem de alguma forma ao que você está compartilhando; esse é um resultado real do seu movimento.

Análise de métricas para visualizar melhorias. É indispensável. Um professor de administração financeira que tive já reforçava: “se não pode ser medido, não pode ser gerenciado”. Fato! Como vai saber se o seu movimento está trazendo algum resultado se você não está avaliando? As métricas são disponibilizadas pelas próprias plataformas digitais.

Lembrete importante: interaja sempre com o seu público, seu conteúdo não pode ser apenas sobre você. Lembre-se, você está em uma rede social onde as pessoas desejam fazer conexões reais. Então, compartilhe suas histórias e envolva sempre o seu público na sua mensagem central.

Para produzir narrativas com sentido em um mundo digital, é preciso ir além da superficialidade e focar na construção de conexões verdadeiras com o público. Ao contar histórias autênticas, relevantes e inspiradoras, você pode transformar o digital em um espaço mais humano e significativo. Escolha o formato que melhor se adapta à sua história e ao seu público, mantenha uma voz única e coerente na sua comunicação enquanto marca. Desejo que o seu movimento seja na direção de produzir narrativas com sentido, gerando assim, boas memórias para o seu público. Faz sentido? Vibro para que sim!


* Professora e especialista em Marketing Estratégico.

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