Padilha culpa Trump por avanço do sarampo nos EUA: "Negacionistas desmontam sistemas de saúde"
Em evento da COP30, Alexandre Padilha e Marina Silva criticaram sobretaxa americana ao Brasil
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, atribuiu o avanço do sarampo nos Estados Unidos a políticas do presidente do país, Donald Trump. A declaração foi feita nesta terça-feira durante a abertura da 5ª Conferência Global de Clima e Saúde, evento preparatório para a COP30.
Segundo Padilha, o mundo enfrenta surtos da doença como consequência do desmonte de sistemas públicos de saúde e da disseminação de discursos antivacina.
— Vivemos um desafio porque, infelizmente, políticas negacionistas, que buscam desmontar os sistemas nacionais públicos de saúde, fazem com que a gente viva hoje no mundo, sobretudo no hemisfério norte, grande surto de casos de sarampo — afirmou. — (Surto causado por) políticas antivacinas, por posturas do atual presidente dos Estados Unidos, que se acha chefe do mundo. Ele foi eleito para ser chefe dos Estados Unidos e não chefe do mundo.
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O surto de sarampo nos EUA teve início no fim de janeiro, em uma área rural do Texas onde vive uma comunidade ultraconservadora e com baixa cobertura vacinal. Até maio, foram registrados 1.024 casos em 31 estados, além de três mortes. A doença havia sido considerada eliminada do território norte-americano há mais de 25 anos. Este já é o surto mais letal desde então.
Padilha também comentou o impacto de medidas econômicas sobre a saúde, criticando o novo tarifaço anunciado por Trump. A partir de 1º de agosto, passará a valer uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
— Qualquer abuso tarifário impacta na saúde — declarou o ministro.
Em abril, Padilha já havia acusado Trump de perseguir pesquisadores envolvidos no desenvolvimento de vacinas.
Durante o mesmo evento, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também se manifestou sobre as sobretaxas, sem mencionar diretamente o presidente dos EUA. Ela criticou a adoção "guerras bélicas e tarifárias" que, segundo ela, comprometem a cooperação global.
— Em lugar de estarmos fazendo guerras uns contra os outros, guerras bélicas e tarifárias, minando espaços de cooperação e solidariedade, deveríamos estar fazendo guerra contra os graves problemas de saúde, a pobreza, contra todas as formas de mazelas que estão afetando a humanidade — disse a ministra.
Com três dias de duração, a Conferência Global de Clima e Saúde busca discutir formas de colocar a saúde como eixo central da ação climática, meses antes da realização da COP30, marcada para novembro, em Belém (PA). O encontro foca em três frentes: monitoramento e vigilância sanitária, estratégias políticas baseadas em evidências e capacitação, além de inovação e produção no setor.

