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Pai herói, pai bandido

Para muita gente, pai é um farol a guiar nossos caminhos. Mas, para outros, pai não passa de um tormento. Há também aqueles para os quais a figura paterna não representa nada mais que uma ausência absoluta

A origem do Dia dos Pais é controversa e, embora a homenagem aos patriarcas ocorra em vários países do mundo, não há uma data universal para a comemoração, variando de local para local. Em muitas nações, a data se associa ao dia que se prestam homenagens a São José, pai de Jesus, e a celebração acontece no terceiro domingo de junho. E em outros, como aqui no Brasil, está ligada ao dia de São Joaquim, o pai de Maria e, portanto, avô de Jesus.

Para muita gente, pai é um farol a guiar nossos caminhos. É a mão que nos conduz no começo da caminhada, é o braço que nos sustenta e nos ampara evitando as quedas na trajetória da vida.

Mas, para outros, pai não passa de um tormento, uma ameaça, medo e opressão. Aquele que tolhe, que inibe o desabrochar e discrimina. Há também aqueles para os quais a figura paterna não representa nada mais que uma ausência absoluta, um silêncio incômodo, uma triste figura ecoando no vazio, aquele que nunca existiu. Esses, quando se vão, deixam apenas alívio.

A dolorosa realidade mostra filhos vítimas de espancamentos e abusos sexuais, vítimas de alienação parental, usados para servir de avião ao tráfico ou vendidos friamente como mercadoria.

Mas, para os que tiveram a sorte, como eu, de ter um pai amigo, um companheiro para todas as horas, sua ausência representa uma grande dolorosa saudade. Dele ficaram as lembranças, ensinamentos, histórias e muitas lições de vida nas quais me inspiro para seguir a jornada.

Sérgio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim, prestou uma belíssima homenagem a seu pai, no dia de sua morte, com a maravilhosa música “Naquela Mesa”. Ela traduz com inigualável beleza a dor causada pela ausência da figura paterna. Com ela, presto homenagem a meu pai, que partiu há três anos, e a todos os outros que se foram. Faço isso torcendo para que cada vez mais surjam pais como o que tive e menos como aqueles que jamais desejei ter. É reproduzindo a letra desta bela canção que finalizo este texto, desejando a todos um feliz Dia dos Pais.

“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor

Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã

Eu não sabia que doía tanto
Uma mesa num canto, uma casa e um jardim
Se eu soubesse o quanto dói a vida
Essa dor tão doída não doía assim

Agora resta uma mesa na sala
E hoje ninguém mais fala do seu bandolim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim
Naquela mesa tá faltando ele
E a saudade dele tá doendo em mim”.



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