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Papa Francisco permanece estável, sem episódios de insuficiência respiratória, diz Vaticano

Aos 88 anos, jesuíta argentino recebeu o diagnóstico de pneumonia bilateral e está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro

Papa Francisco durante a audiência geral no Vaticano Papa Francisco durante a audiência geral no Vaticano  - Foto: Filippo Monteforte/ AFP

Em seu 20º dia no hospital, o Papa Francisco permanece estável, sem episódios de insuficiência respiratória, informou o Vaticano.

O anúncio foi feito após a Santa Sé informar que o Pontífice descansou bem durante a noite, mas perderá o início do período solene da Quaresma, na Quarta-feira de Cinzas, que antecede as celebrações da Semana Santa.

Aos 88 anos, o jesuíta argentino recebeu o diagnóstico de pneumonia bilateral e está internado no hospital Gemelli, em Roma, desde 14 de fevereiro.

"Conforme planejado, ele recebeu oxigenoterapia de alto fluxo durante o dia e a ventilação mecânica não invasiva será retomada durante a noite", disse o último boletim médico publicado pelo Vaticano. "O Santo Padre aumentou a fisioterapia respiratória e motora ativa (...) Em vista da complexidade do quadro clínico, o prognóstico permanece reservado.

Durante a manhã, Santo Padre participou do rito de bênção das cinzas que lhe foi imposto pelo celebrante e, em seguida, recebeu a Eucaristia em seu apartamento particular no 10º andar. Depois disso, ele se dedicou a algumas atividades de trabalho.

Também recebeu a visita do padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família em Gaza. De acordo com o Vaticano, o Pontífice está alternou entre descanso e trabalho na parte da tarde. Ele passou o dia numa poltrona, acrescentou.

Mais cedo nesta quarta-feira, o Vaticano informou que "o Papa dormiu bem durante a noite e acordou pouco depois das 8h [4h em Brasília]".

No boletim médico anterior, divulgado na noite de terça-feira, a Santa Sé destacou que o estado de Francisco era "estável" e que "não teve episódios de insuficiência respiratória, nem broncoespasmo", como aconteceu na segunda-feira. O prognóstico do Pontífice, no entanto, continua "reservado" e os médicos decidiram que ele deveria usar uma máscara de oxigênio durante a noite.

O líder da Igreja Católica não participará nas celebrações da Quarta-feira de Cinzas, que dão início à Quaresma, o período de 40 dias que precede a Páscoa. O Papa costuma presidir a missa deste dia, na qual os fiéis recebem uma cruz de cinzas na fronte. As cinzas tradicionalmente procedem da queima das palmas do Domingo de Ramos das celebrações da Páscoa do ano anterior.

O Pontífice argentino já havia perdido as celebrações da Quarta-feira de Cinzas em 2022 devido a uma dor aguda no joelho. Desta vez, Francisco também não poderá participar nos tradicionais "exercícios espirituais", um retiro que acontece todos os anos no início da Quaresma com a Cúria, os funcionários e a administração da Santa Sé.

À AFP, uma fonte do Vaticano declarou, na terça-feira, que a situação do Pontífice pode ser considerada estável, embora o quadro clínico seja “complexo”. A mesma fonte acrescentou que o Papa, cujo prognóstico é “reservado”, “não está fora de perigo”.

— Aos 88 anos, passar 15 dias no hospital e ter episódios repetidos de dificuldades respiratórias é um sinal muito ruim — resumiu Bruno Crestani, chefe do serviço de pneumologia do hospital parisiense Bichat.

Para o médico Hervé Pegliasco, responsável pela pneumologia do hospital europeu de Marselha, no sudeste da França, isso provoca “um fenômeno de exaustão, pois ele precisa fazer um esforço maior para respirar”. Até o momento, o quadro de Francisco tem apresentado altos e baixos, o que gera preocupação entre fiéis ao redor do mundo.

No hospital Gemelli em Roma, que o Papa João Paulo II chamava de "Vaticano III", o jesuíta argentino alterna descanso, orações e fisioterapia para se recuperar de uma pneumonia bilateral que provocou vários episódios de insuficiência respiratória. Esta é a internação mais longa do pontificado de Francisco, que não aparece em público desde que foi hospitalizado. Ele perdeu a oração do Angelus nos últimos três domingos, algo inédito desde sua eleição em 2013.

A equipe médica do Papa não se pronunciou sobre quanto tempo ele permanecerá internado ou sobre o período de convalescença se conseguir superar a doença, o que gera inquietação entre os fiéis.

Mobilização de fiéis
Enquanto aguardam sua primeira aparição pública, fiéis continuam peregrinando até a entrada do hospital, onde, aos pés da estátua de João Paulo II, rezam e acendem velas pela saúde do Papa Francisco.

Na terça-feira, um grupo de argentinos se reuniu no local para orar pela recuperação do Pontífice diante de uma imagem da Virgem de Luján, com um véu azul e branco, para a qual Francisco costumava rezar em peregrinação quando era arcebispo de Buenos Aires.

Segundo Luis Pablo María Beltramino, embaixador da Argentina no Vaticano, o presidente Javier Milei “enviou um representante especial para rezar e estar próximo à Santa Sé neste momento, pela pronta recuperação do Santo Padre”.

Esta é a quarta e mais longa hospitalização do papa desde 2021, aumentando as preocupações devido a problemas de saúde que o fragilizaram nos últimos anos: cirurgias no cólon e no abdômen, além de dificuldades para caminhar.

A situação reacendeu questionamentos sobre sua capacidade de exercer suas funções, especialmente porque o direito canônico não prevê medidas específicas caso o Pontífice enfrente um problema grave que comprometa sua lucidez.

Nos últimos tempos, Francisco descartou a possibilidade de renunciar, mas, desde sua internação, não fez nenhuma aparição pública nem teve fotos divulgadas no hospital, como aconteceu em outras ocasiões.

No domingo, ele se ausentou do tradicional Angelus pela terceira semana consecutiva. Embora tenha enviado uma mensagem escrita, não participará das celebrações da Quarta-feira de Cinzas, em 5 de março.

Sua ausência nessa cerimônia, que marca o início do período de jejum da Quaresma, e suas repetidas recaídas geram dúvidas sobre seu estado de saúde para a Semana Santa e a Páscoa, um dos momentos mais importantes para os católicos. (Com AFP)

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