Papa Leão XIV defende comunicação como meio de sair da 'Torre de Babel' das narrativas tendenciosas
Pontífice realizou primeira audiência com a imprensa nesta segunda-feira, no Vaticano
O Papa Leão XIV pediu, nesta segunda-feira (12), a libertação de todos os jornalistas presos por dizerem a verdade.
Em seu primeiro encontro com a imprensa, o pontífice fez um discurso incisivo em defesa da liberdade de expressão.
— Permitam-me reiterar hoje a solidariedade da Igreja com os jornalistas presos por tentarem dizer a verdade. E, com essas palavras, também pedir a libertação desses jornalistas — disse o Papa no Vaticano.
Leão XIV elogiou a coragem dos jornalistas que arriscam a vida na cobertura de guerra e em defesa da dignidade, da justiça e dos direitos dos povos.
— Só os povos informados podem fazer escolhas livres. O sofrimento dos jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, conclamando todo nós a protegermos o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa — afirmou.
O Papa agradeceu jornalistas de todo o mundo que vieram a Roma cobrir o funeral do Papa Francisco e o conclave que o elegeu, na última quinta-feira. Ele disse que os jornalistas não desanimaram, mesmo cansados e sobrecarregados de trabalho.
— Obrigado, queridos amigos, pelo serviço que prestaram à verdade. Vocês estiveram em Roma nestas semanas para mostrar a Igreja em sua diversidade e em sua unidade — disse.
Leão XIV também fez um apelo por uma comunicação “desarmada e desarmante”, que combata os preconceitos, o ressentimento e o discurso de ódio.
— Vivemos tempos difíceis de atravessar e de reportar, e isso é um desafio do qual não devemos fugir. Ao contrário: ele pede a cada um, em nossos diferentes papéis e serviços, que nunca cedamos à mediocridade — disse. — Não pode haver comunicação e jornalismo fora do tempo e da história. Como nos lembra Santo Agostinho, “vivamos bem e os tempos serão bons. Nós somos os tempos”.
Usando uma imagem bíblica para falar dos conflitos culturais, o pontífice afirmou que os meios de comunicação podem nos ajudar a sair da “Torre de Babel em que às vezes nos encontramos”, em meio a narrativas “ideológicas e tendenciosas”.
— A comunicação não é uma mera transmissão de informações. É criação de cultura, de ambientes humanos e digitais que se tornem espaços de diálogo e de debate. E olhando a evolução tecnológica, essa missão se torna ainda mais necessária hoje.
Ele também voltou a manifestar preocupação com a inteligência artificial. Disse que a tecnologia “tem um imenso potencial, mas requer responsabilidade e discernimento para que seja usada para o bem e em benefício da Humanidade”.
Eleito para um cargo vitalício de líder religioso e chefe de Estado, o Papa disse que ele e os jornalistas “terão tempo para se conhecer melhor”.
— Podemos dizer que vivemos juntos dias realmente especiais. E vocês compartilharam isso em todos os meios de comunicação: TV, rádio, internet, redes sociais. Acho que podemos dizer que esses dias nos revelaram uma pitada do mistério de nossa Humanidade, que nos deixaram um desejo de amor e paz — disse.
O novo Papa não tem se mostrado espontâneo quanto o antecessor, mas arriscou uma piada ao entrar no auditório e ser recebido com uma salva de palmas. Além de jornalistas, havia muitos religiosos e convidados no local.
— Obrigado por essa recepção maravilhosa. Dizem que quando há aplausos no começo, o resto não importa tanto. Se houver alguém acordado para aplaudir no fim, muito obrigado — brincou.

