Ter, 23 de Dezembro

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PAPA FRANCISCO

"Pedra do povo": Túmulo de Francisco é feito com rocha da terra natal de seus avós

Escolha foi de ardósia da Ligúria, usada por trabalhadores italianos

Imagem divulgada pelo Vaticano mostra projeto do túmulo em que Francisco será sepultado na Basílica Santa Maria Maior, em Roma Imagem divulgada pelo Vaticano mostra projeto do túmulo em que Francisco será sepultado na Basílica Santa Maria Maior, em Roma  - Foto: Vatican Media/Reprodução

O Papa Francisco será sepultado em um túmulo feito com ardósia da Ligúria, região italiana onde nasceram seus avós maternos. A escolha do material — resistente, discreto e popular — simboliza a simplicidade e a força do Pontífice argentino, cujas raízes familiares se ligam ao vilarejo de Cogorno, na costa noroeste da Itália. A decisão comoveu moradores da região e familiares do Papa, que receberam a notícia como uma “última surpresa, do jeito dele”.

A tumba, instalada na Basílica de Santa Maria Maior, entre as capelas Paulina e Sforza, leva apenas a inscrição “Franciscus” e uma reprodução de sua cruz peitoral. Segundo o cardeal Rolandas Makrickas, arcipreste coadjutor da basílica, o próprio Papa expressou em vida o desejo de ser sepultado com uma pedra vinda da “terra de seus avós”.

 

Origem humilde e laços silenciosos
A ardósia, extraída das pedreiras de Lavagna, é conhecida como a “pedra do povo” — usada tradicionalmente para pavimentar caminhos e sinalizar direções. Assim como o próprio Papa, é modesta, mas duradoura. “Ela esquenta ao toque, ao contrário do mármore”, explica Franca Garbarino, presidente do distrito de produção local. “É como uma carícia. Como ele.”

Francisco sempre manteve discretos os laços com a Ligúria. Sua relação com Cogorno — terra natal de seu bisavô Vincenzo Sivori — veio à tona em 2015, quando uma delegação local o presenteou com um baixo-relevo de ardósia durante uma audiência no Vaticano. Mais tarde, familiares da região descobriram sua ligação direta com o Papa. “Ele disse que queria descansar na lápide de seus avós. É algo lindo”, contou Cristina Cogorno, prima do Pontífice.

Despedida ao lado dos 'excluídos'
A despedida de Francisco, marcada por gestos de coerência com seu magistério, também terá um momento dedicado aos mais necessitados. Nesta sexta-feira, um grupo de pessoas em situação de rua participará da homenagem ao Papa nas escadarias da Basílica de Santa Maria Maior. Foi ali que ele, já eleito Pontífice, fez sua primeira visita em 2013.

Para os moradores de Cogorno, cidade que já deu dois papas à Igreja no século XIII, o sepultamento de Francisco representa um reencontro com as próprias origens. “Somos agora a terra de três papas”, disse a vice-prefeita Enrica Sommariva, emocionada. “E este último, com sua humildade, nos deu um presente eterno.”

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