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Pernambuco ganha comitê para proteger pessoas em situação de rua

O objetivo do colegiado é monitorar as ações que garantam o direito a dignidade da pessoa humana, valorização e respeito a vida

Moradores de rua que vivem embaixo da passarela da estação do Largo da Paz, em Afogados, RecifeMoradores de rua que vivem embaixo da passarela da estação do Largo da Paz, em Afogados, Recife - Foto: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco

Após nove anos instituição da Política Nacional para População em Situação de Rua, o governo de Pernambuco decretou a criação do Comitê Intersetorial de Políticas Públicas para População em Situação de Rua (CIPPSR). Com objetivo de expandir e consolidar as estratégias da rede estadual de apoio a estas pessoas em situação de vulnerabilidade e risco, o colegiado será composto por representantes de diversas secretarias estaduais como Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Saúde, Educação, Justiça e Direitos Humanos, além de entidades e especialistas que possam colaborar na construção de políticas efetivas.

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As atividades serão iniciadas a partir no começo do ano que vem com um grande entrave: a população em situação de rua ainda não está incluída no censo do IBGE. Isso significa que não há dados seguros e precisos que indiquem o quantitativo de pessoas que estão nesta situação. “O Comitê irá mapear e monitorar as ações seja da política social, de saúde, educação, de habitação, estabelecendo metas. Nós temos essa dificuldade sobre o número de pessoas em situação de rua, o que há são registros no cadastro único e daquelas pessoas atendidas pelos Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (POP) explicou o secretario executivo de Desenvolvimento Social, Joelson Rodrigues. Ou seja, há no Estado 4.500 pessoas no cadastro, e 7.285 atendidas pelos centros POP.

De acordo com a Prefeitura do Recife (PCR), na capital há cerca de 1.200 pessoas vivendo em situação de rua. A defensora pública Renata Gambarra, do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do Recife, afirmou que as principais demandas são referentes ao aumento do número de vagas em todos os serviços, em especial aos centros POP, e em instituições de acolhimento. “Uma demanda que surgiu em especial na cidade do Recife é em relação aos banheiros públicos. As pessoas relatam que há poucas condições para uso, além da ausência de banheiros abertos à noite. Também existe um apelo no sentido de capacitação e sensibilização dos diversos agentes do serviço público, já que as pessoas nesta situação necessitam de um abordagem diferenciada”, declarou a defensora.

Em resposta, a Prefeitura do Recife explicou que o CIPPSR existe no âmbito municipal desde 2014. No ano seguinte foi lançado o Plano de Atenção Integrada à População em Situação de Rua. “Nossas equipes são formadas por redutores de danos, agentes sociais, psicólogos e assistentes sociais, que fazem visitas diárias, durante o dia e à noite”, diz a nota. A PCR também considera a possibilidade de ampliar o quantitativo de banheiros públicos, que atualmente são de 30 espalhados pela cidade. Mensalmente, cerca de 200 pessoas diferentes são atendidas nos dois Centros POP da Prefeitura. Eles funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, localizados nos bairros de Santo Amaro (Centro POP Glória) e Madalena (Neuza Gomes).

A Defensoria Pública também dá suporte às pessoas em situação de rua prestando assistência jurídica, tanto a nível individual quanto coletivo. “A nível individual, a Defensoria realiza atendimentos das pessoas em situação de rua no tocante às suas demandas jurídicas, sendo as principais demandas relacionadas a obtenção de documentos, solicitação de abrigamento e/ou aluguel social e demandas jurídicas diversas relacionadas ao direito à habitação”, esclareceu a defensora Renata. “Do ponto de vista coletivo, a Defensoria Pública atua na articulação e fortalecimento das políticas públicas direcionadas à população em situação de rua, atuando junto a instâncias de articulação local como o Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua do Recife, recebendo as demandas coletivas, adotando as medidas jurídicas cabíveis”, concluiu.

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