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PM e aposentado do Exército são presos acusados de sequestrarem traficantes para implantar milícia

PM e ex-paraquedista do Exército são presos acusados de sequestrarem traficantes para implantar milícia na Região dos Lagos

Favelas no Brasil Favelas no Brasil  - Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), prenderam, na manhã desta sexta-feira, um policial militar e dois comparsas, entre eles um ex-paraquedista, acusados e denunciados por sequestrar dois traficantes de drogas em Cabo Frio, na Região dos Lagos, no fim do ano passado. De acordo com a promotoria, o objetivo do PM era instalar uma milícia no balneário. A operação cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos denunciados na capital fluminense, em Armação dos Búzios e também na cidade de Montanha, no Espírito Santo. Todos os alvos já estão presos.

Segundo a promotoria, “as investigações demonstraram que, no dia 19 de outubro de 2021, no bairro Alto da Rasa, em Cabo Frio, o cabo da PM Bruno Paulo Pereira do Carmo do Valle, ao lado dos comparsas Thiago Rezende Pimentel Trindade, ex-paraquedista do Exército conhecido como Jarbinha ou Mexicano, e Cristiano Ribeiro Xavier, conhecido como Baiano, sequestraram, com o uso de armas de fogo, dois integrantes da organização criminosa que domina o tráfico de drogas nos bairros de Maria Joaquina, em Cabo Frio, e Rasa, em Búzios”.

Ainda de acordo com os promotores, “os traficantes estavam em uma lanchonete, quando foram surpreendidos pela presença fortemente armada dos três denunciados, que os fizeram entrar em um carro e passaram a exigir a quantia de R$ 20 mil para libertá-los. Além disso, os três fizeram com que um dos sequestrados ligasse para o chefe do tráfico local da facção criminosa, Valdinei Quintanilha, conhecido como Macaco, solicitando que ele reduzisse os valores exigidos para que os denunciados explorassem o serviço clandestino de TV a cabo oferecido nas duas comunidades dominadas pelo grupo. O valor cobrado pela organização chefiada por Macaco, que era de R$ 1.500 mensais, passou a ser de R$ 3 mil”.

O MP destaca ainda que, “como o chefe do tráfico não aceitou pagar o valor solicitado por Bruno, Thiago e Cristiano nem reduzir a cobrança pela exploração do serviço ilegal nas comunidades, os denunciados deixaram as vítimas na beira da pista, perto de um posto de gasolina, na cidade de São Pedro da Aldeia”.

— Os três já foram presos hoje. Um na capital (no bairro de Cascadura), um em Búzios e um terceiro no Espírito Santo. Essa operação visa a desmantelar uma milícia que tentou se instituir em Búzios. Eles tentaram sequestrar dois criminosos, mas a ação foi frustrada. O trio tentou extorquir o chefe dessa organização criminosa, que não cedeu. Eles fizeram esse sequestro em represália à cobrança do gatonet por esses criminosos — contou ao Bom Dia Rio o promotor Marcelo Arsênio.

Segundo o promotor, “os delitos de extorsão mediante sequestro foram praticados, ainda, por associação criminosa, pois os denunciados se uniram com fim específico de explorarem clandestinamente atividade de telecomunicação, se associarem para o tráfico de drogas, portarem armas de fogo, além de ameaçarem e constrangerem ilegalmente as pessoas dos bairros Maria Joaquina (Cabo Frio) e Rasa (Armação dos Búzios)”.

A Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) e a Corregedoria Interna da PM ajudam na operação. O cabo Bruno Paulo é lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Providência, no Centro do Rio. Por sua vez, Cristiano Ribeiro Xavier é o funcionário da empresa de TV a cabo do militar. Atualmente, Rafael Pizarro, que integra o tráfico de drogas de Cabo Frio, está preso por uso de arma de fogo.

Os itens apreendidos durante a operação, como aparelhos celulares e computadores, serão analisados para identificar possíveis outros envolvidos, diz o promotor de Justiça Rafael Dopico.

Bruno Paulo já havia sido preso

Em abril de 2018, o MP do Rio já havia denunciado o cabo Bruno Paulo Pereira do Carmo do Valle e um outro homem por homicídio em Magalhães Bastos, na Zona Norte do Rio, que teria sido cometido em janeiro de 2017.

De acordo com MP, o crime ocorreu por vingança depois de ofensas proferidas pela vítima ao homem que teria agido em conjunto com Bruno Paulo. Ainda de acordo com a promotoria, após matarem a vítima, a dupla chegou a tentar ocultar o corpo. Na ocasião, a defesa do policial militar alegou que a denúncia foi baseada em um depoimento sem provas do dono de um estabelecimento comercial próximo do local do fato. Eles foram soltos em novembro e o caso foi arquivado em 2019.

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