Por que 1900 e 2100 não são anos bissextos?
Entenda os parâmetros para definir os anos que terão um dia a mais
A maioria deve saber: o ano bissexto é aquele em que há um dia a mais - 29 de fevereiro - e ocorre de quatro em quatro anos. Outro dado já conhecido por grande parte da população: esse acréscimo é para corrigir a contagem do tempo, uma vez que a volta da Terra ao redor do Sol, que marca um ano, é mais do que 365 dias - exatos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e aproximadamente 45, 46 segundos. Simples assim? Nem tanto, apesar de estarmos curtindo o dia a mais de 2020, que é bissexto. Numa decisão de séculos e que envolve astronomia, matemática, religião e nossa vida cotidiana, alguns anos que poderiam, pelas premissas acima, ter 366 dias não o possuem, como 1900 e os futuros 2100, 2200 e 2300.
Para o ano ter um dia a mais, não precisa apenas contar de quatro em quatro anos. É necessário que o número do ano seja divisível por 4, mas não por 100, a exemplo de 2020. Mas, caso seja divisível por 100 e for também por 400, ainda será bissexto. "2400 é divisível por 4 e por 100, aí normalmente diríamos que ele não seria bissexto. Porém 2400 é divisível também por 400 e, portanto, sim, é ano bissexto", afirma o professor Eudes Naziazeno, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Pernambuco. Já 1900, por exemplo, é divisível por 4 e 100, mas não por 400, assim, não é bissexto. No século 19, o último ano a possuir o 29 de fevereiro foi 1896, e o século 20 teve seu primeiro dia a mais em 1904.
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Esses parâmetros foram apontados por um grupo de matemáticos e astronômos para a definição do ano bissexto e implantados em outubro de 1582 pelo papa Gregório XIII. Até ali, se usava o calendário Juliano, instituído pelo imperador romano Júlio Cesar no ano 46 antes de Cristo. No calendário Juliano, já estava estabelecido o 29 de fevereiro a cada quatro anos, mas o grupo de cientistas calculou que, apesar do acréscimo quadrienal, as contas não eram exatas e, ao longo das centenas de anos, ficaram dez dias a mais. Qual a solução? Para resolver a questão, o papa Gregório eliminou dez dias - 5 a 14 de outubro - daquele ano. Assim, o calendário, que passava a se chamar Gregoriano, recomeçou em 15 de outubro de 1582 e já utilizando a nova fórmula, para "diminuir substancialmente incorreções". "Se não, a cada cem anos, continuaríamos a cometer o erro do Calendário Juliano, contabilizando um dia a mais", explica o professor Eudes Naziazeno.
Mas, por enquanto, não se preocupe com a contagem porque o calendário já apontou: assim como 2020, 2024 terá um dia extra:) Mais horas para imprevistos, alegrias, tragédias, morte e vida.

