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Por que uma coluna dedicada às mulheres?

O que alcançaram não é o suficiente? Do que estão reclamando!? Nem a igualdade formal foi totalmente conquistada, nem ela é suficiente

Carla Batista escreve a coluna Mulheres em MovimentoCarla Batista escreve a coluna Mulheres em Movimento - Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco

Por que uma coluna dedicada às mulheres? Pode ter passado pela sua cabeça que é porque o feminismo, assim como Frida Kahlo, está na moda.

Não é!

Assim como não é único, o feminismo não é passageiro ou descartável. Ele se traduz em determinadas formas de estar no mundo. De olhar e pensar o mundo. Jeitos de agir que se articulam com o contexto, de forma mais ou menos radical.

Frida, contundência coberta de flores e cores, também não se restringe a um modismo.

Ou também...

Você pode ser uma daquelas pessoas que questiona: O que é mais que as mulheres querem? Pensando que, afinal de contas, hoje trabalham fora de casa, são mais livres sexualmente, chefes de família, moram sozinhas, viajam...

O que alcançaram não é o suficiente? Do que estão reclamando!?

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Camiseta exposta em loja de departamento

Camiseta exposta em loja de departamento - Foto: Carla Batista/Cortesia


Não só pelo fato de que essa visão está limitada a pessoas de uma determinada classe social, ela pode ser bastante reducionista. Nem a igualdade formal foi totalmente conquistada, nem ela é suficiente. Não dá conta de todas as contradições que precisam ser enfrentadas. Prova é que essas mudanças não se traduziram em novas formas de relações, fundadas na não violência e destituídas da presunção do controle, por exemplo.

O movimento de mulheres em Pernambuco é o mais pulsante deste país. Existem agrupamentos espalhados por todas as regiões, do litoral ao Sertão, que alternam períodos de maiores e menores expressão pública. Têm os seus momentos de latência. Mas, neste 8 de março, uma vez mais estarão mobilizados e articulados, em sintonia com coletivos de outros estados e países. A convocação no Recife é para as 13 horas no Parque 13 de Maio.

O 8 de março é o dia em que as várias correntes se unem e saem às ruas, com a alegria que só aquelas que aprenderam a ser sujeitos políticos conseguem sentir e expressar. Coloridas e ruidosas, com suas palavras de desordem, como costumam dizer.

As militantes afirmam que a data não é um evento, senão parte de um contínuo que se estende por todos os 365 dias do ano. Um dos propósitos dessa coluna será o de dar mais visibilidade a esse processo, já que será um espaço permanente enquanto durar.

8 de março de 2017 no Recife

8 de março de 2017 no Recife - Foto: Débora Guaraná/Cortesia


Pernambuco também é, segundo me contou a Secretária estadual de políticas para as mulheres, Sílvia Cordeiro, o único estado do país aonde todos os 185 municípios possuem um organismo ou pessoa dedicada à implementação de políticas para as mulheres. Está bem que quantidade não é necessariamente qualidade. Mas anuncia compromisso político, que pode ser acompanhado e ampliado.

Nessa coluna, vou falar dos movimentos de mulheres. Não só. Também, e muito, daquelas que se movimentam pelo mundo, em diversos campos de atuação, modificando ou lutando para transformar os espaços por onde passam. Espero que vocês gostem, acompanhem, dialoguem comigo, compartilhem e que a coluna tenha vida longa.

O NÃO pode ter sido uma palavra que apareceu muitas vezes nessa apresentação. Demarcar um ponto de partida pode exigir isso. Mas, ele é também uma maneira de dizer SIM, na medida do possível e do impossível.

Termino, oferecendo uma música das garotas do Obirin Trio a vocês. Elas por Elas (confira vídeo). Estreamos na quinta para marcar o Dia da Mulher (8 de março), mas esta coluna será publicada às quartas. Até a próxima quarta-feira!



Carla Gisele Batista é historiadora, pesquisadora, educadora e feminista desde a década de 1990. Graduou-se em Licenciatura em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1992) e fez mestrado em Estudos Interdisciplinares Sobre Mulheres, Gênero e Feminismo pela Universidade Federal da Bahia (2012). Atuou profissionalmente na organização SOS Corpo Instituto Feminista para a Democracia (1993 a 2009), como assessora da Secretaria Estadual de Política para Mulheres do estado da Bahia (2013) e como instrutora do Conselho dos Direitos das Mulheres de Cachoeira do Sul/RS (2015). Como militante, integrou as coordenações do Fórum de Mulheres de Pernambuco, da Articulação de Mulheres Brasileiras e da Articulación Feminista Marcosur. Integrou também o Comitê Latino Americano e do Caribe de Defesa dos Direitos das Mulheres (Cladem/Brasil). Já publicou textos em veículos como Justificando, Correio da Bahia, O Povo (de Cachoeira do Sul). 


* A Folha de Pernambuco não se responsabiliza pelo conteúdo das colunas.

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