Praias de Pernambuco têm trechos impróprios para banho
Levantamento realizado pela CPRH aponta má qualidade da água do mar em setores da orla do Recife, Olinda, Paulista e Jaboatão dos Guararapes
O levantamento sobre a balneabilidade das praias, realizado semanalmente pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), apontou que trechos das praias de Boa Viagem, zona Sul do Recife, Pau Amarelo, em Paulista, Rio Doce e Casa Caiada, em Olinda, e na Praia de Piedade, localizada em Jaboatão dos Guararapes, são considerados impróprios para banho. De acordo com a gerente do laboratório do CPRH, Andréa Shirley Xavier, o grande adensamento nas praias é um dos principais fatores que influenciam sobre a qualidade da água.
"Em Pernambuco, essa questão é sazonal, ou seja, em períodos chuvosos a qualidade decai e a maioria das praias fica imprópria. Por se tratar de algo pontual, um trecho analisado esta semana como impróprio pode estar próprio na outra semana. O que levamos em consideração é o resultado de cinco amostragens consecutivas, indicando se há coliformes termotolerantes, onde existem as bactérias fecais, mostrando que existe um potencial de patógenos que podem causar doenças", explicou Andréa.
Leia também:
Bombeiros recomendam cuidados com tubarões e afogamentos
No caso da praia de Boa Viagem, o levantamento do CPRH aponta que o trecho do Posto 12, próximo à pracinha de Boa Viagem, é considerado impróprio. Em Paulista, a orla em frente ao Forte de Pau Amarelo também não é recomendada para banho. Em Olinda, estão impróprias as praias de Rio Doce, em frente à rua Paulo N. Queiroz, e a de Casa Caiada, defronte à avenida Ministro Marcos Freire. E em Jaboatão dos Guararapes, a praia de Piedade, em frente à avenida Bernado Vieira de Melo, na altura do Balneário do Sesc também não está adequada para os banhistas neste período.
A lista com os pontos estudados e sinalizados como próprios e impróprios, está disponível no site do CPRH (www.cprh.pe.gov.br) - o período divulgado tem validade de sete dias (este último é de 28 de dezembro a 4 de janeiro). "O monitoramento é semanal, conforme determina a resolução nº 274/2000 do Conama, que define os padrões de qualidade da água destina à balneabilidade", afirmou a gerente. O órgão recomenda que o banho de mar seja evitado em áreas onde há presença de resíduos ou despejos sólidos ou líquidos, de substâncias capazes de oferecer à saúde; houver incidência relativamente elevada ou anormal de doenças por veiculação hídrica; e nas semanas em que estes trechos forem classificadas como impróprias.
Para o biólogo e oceanógrafo da Universidade de Pernambuco (UPE), Clemente Coelho, há duas grandes fontes de poluição que interferem diretamente na balneabilidade das praias. A primeira são os rios que desembocam no mar, que sofrem com a falta de saneamento. "Outra fonte é a pluvial. Infelizmente, muitos edifícios instalam a saída do seu esgoto na drenagem pluvial, o que acaba atingindo as praias", informou. "O problema da balneabilidade é a falta de saneamento básico, e isso envolve a coleta de esgoto e o destino correto dos resíduos sólidos. Além disso, a população também acaba jogando lixo em qualquer lugar", concluiu.
Sobre o monitoramento, a Prefeitura do Recife esclareceu que a Vigilância Ambiental e Controle de Zoonenses do Recife também vem realizado o acompanhamento da qualidade da água da orla marítima do município. "Das amostras analisadas em 2018, foram encontradas 99% (127/128), dentro dos parâmetros de balneabilidade, ou seja, sem risco de contaminação para a população que utiliza a praia como local de lazer e esportes no Recife. As amostras coletadas de janeiro a dezembro de 2018 totalizaram 640 unidades colhidas, que representam 128 amostras para balneabilidade da água do mar, cumprindo a Resolução 274/2000 do Conama".
A Secretaria Executiva de Meio Ambiente de Paulista declarou por meio de nota que irá intensificar o monitoramento das praias com vistorias e ações visando a educação ambiental, para que os resíduos não sejam depositados de forma indevida. "Essas ações serão planejadas a partir de janeiro, junto com os novos concursados, para ocorrerem em épocas e datas específicas do ano, como por exemplo, no verão e na semana municipal lixo zero", informou a nota. Já a Prefeitura de Olinda esclareceu que está em contato com a Superintendência do Patrimônio da União para a municipalização das praias da cidade e afirma que faz a limpeza e promove ações ambientais. "Nós distribuímos sacolas para que o lixo não seja descartado de forma irregular, ações de educação ambiental e fiscalização das áreas", declarou o secretário de Meio Ambiente, Isaac Azoubel.

