Presa nos EUA, mulher do 'Faraó dos Bitcoins' obteve visto através de ex-comparsa de Pablo Escobar
Prisão da venezuelana aconteceu em decorrência de permanência ilegal no país
A venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, mulher do 'Faraó dos Bitcoins' foi presa, nesta sexta-feira (26), na cidade de Chicago pela Polícia Federal após mais de dois anos foragida. Ela, que estava ilegal no país segundo as autoridades brasileiras, havia entrado no território americano com um visto de estudante, obtido com auxílio de um ex-piloto da Varig que tinha ligações com traficante colombiano Pablo Escobar.
Ricardo Rodrigues Gomes, mais conhecido como 'Piloto', ajudou Mirelis e Glaidson Acácio dos Santos, o 'Faraó dos Bitcoins', ajudou o casal em alguma operações em solo americano, como a obtenção de vistos e a compra de um jatinho de R$ 3,9 milhões.
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A investigação da Polícia Federal mostra que, em março de 2021, Ricardo Gomes "providenciou todas as medidas protocolares para que Mirelis conseguisse seu visto de estudante". Em seguida, ele daria início ao processo para obter a documentação de Glaidson dos Santos, que pretendia se mudar para os EUA. Alternativa ao green card, o visto de estudante da venezuelana foi obtido junto a Universidade de Atlanta.
Uma entrevista para emissão do visto foi marcada na Cidade do México para o dia 2 de julho de 2021. Dias depois, Gomes avisou o 'Faraó' que o pedido havia sido deferido pelas autoridades americanas e estava pronto para ser retirado. Desde então, segundo a PF, a mulher se encontrava nos EUA para a viabilizar a atividade da GAS Consultoria eTecnologia Ltda, empresa de Glaidson.
Gomes foi preso em 2006 pela Polícia Federal por envolvimento em um caso de tráfico de drogas em um avião da Varig, ocorrido em 1989. No avião da empresa brasileira, uma tonelada de cocaína foi encontrada por autoridades americanas, em Miami. 'Piloto' fazia parte do esquema que colocava carregamentos da droga oriundos dos cartéis colombianos, como o de Pablo Escobar, dentro de aviões que partiam do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio.
De acordo com a PF, Gomes conseguiu obter uma identidade falsa através da emissão de documentos em Minas Gerais. Em 2021, ele já se encontrava nos EUA com o novo nome de Paulo Gomes Júnior, quando passou a atuar para Glaidson dos Santos. 'Piloto' era auxiliado pela filha, Brynne Gomes.
Os advogados de Mirelis Dias Zerpa, mulher de Gladison Acácio dos Santos, o "Faraó dos Bitcoins", disseram ter sido surpreendidos com as notícias sobre a detenção dela, nesta quarta-feira, em Chicago, nos Estados Unidos. Em nota publicada no Instagram da cliente, Andre Hespanhol e Ciro Chagas afirmaram que a venezuelana fez contato com a família e contou que o motivo da prisão foi "uma irregularidade formal em seu visto, que era de desconhecimento de seus advogados".
"Mirelis vive, estudava e sempre esteve legalmente residindo nos Estados Unidos da América. Para as próximas horas, esperamos as informações oficiais", disseram os advogados, que acrescentaram à nota trecho de decisão judicial de dezembro que, em caráter liminar (provisório), suspendeu a ordem de prisão preventiva até o julgamento do mérito de um recurso em habeas corpus.
Prisão
Na manhã de quarta-feira, Mirelis Dias Zerpa, mulher de Gladison Acácio dos Santos, o "faraó dos bitcoins", foragida da Operação Kryptos, foi detida em Chicago, nos Estados Unidos. A prisão resultou de cooperação internacional entre a Polícia Federal, o U.S Immigrations and Customs Enforcement (ICE) e o Serviço Secreto norte-americano. A detenção ocorreu devido à ilegalidade de sua permanência nos EUA.
Contra ela, havia um mandado de prisão expedido pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro/RJ pelos crimes praticados contra o Sistema Financeiro Nacional, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa.
De acordo com a Operação Kryptos, a investigada era proprietária de uma empresa de consultoria em Cabo Frio/RJ, em nome da qual, a partir de 2015, foram firmados contratos de prestação de serviços para investimento em bitcoin, os quais eram oferecidos ao público em geral, incluindo pessoas jurídicas. Tais contratos prometiam rendimentos fixos mensais em uma quantia específica, sem autorização ou registro junto à Comissão de Valores Mobiliários.
Com as investigações, foi possível constatar que Mirellis, Gladison e cúmplices constituíram extensa rede para lavagem de dinheiro, que chegou a movimentar cerca de R$ 38 bilhões (trinta e oito bilhões de reais) entre 2015 e 2021.

