Ter, 23 de Dezembro

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Sequestro-relâmpago

Preso sequestrador de médica e filho de 4 anos em área nobre do Rio

A médica estava num shopping, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, com a criança, quando sofreu um sequestro-relâmpago. Os dois foram feitos de refém

Barra da Tijuca, Rio de JaneiroBarra da Tijuca, Rio de Janeiro - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca) prenderam um homem acusado de ser o motorista do bando que, no último domingo, sequestrou uma médica e seu filho de 4 anos. A Polícia agora procura os outros envolvidos no crime.

A médica estava num shopping, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, com a criança, quando sofreu um sequestro-relâmpago. Os dois foram foram levados no carro da família pelos criminosos armados para a Cidade de Deus, também na Zona Oeste.

O motorista foi identificado pela polícia como sendo Edmilson Figueiredo dos Santos Junior. A Polícia já identificou também os outros dois envolvidos, e a Justiça deferiu os pedidos de prisão temporária de dois deles, além da do Edmilson.

A polícia ainda está à procura de Bryan Lucas Freitas de Araújo e Pedro Lucas Rodrigues Pessanha. A Justiça indeferiu o pedido de prisão de um quarto envolvido.

O governador Cláudio Castro recorreu a uma rede social para comemorar a prisão e a identificação do restante do bando.

"A Polícia Civil acaba de prender um dos criminosos  responsáveis pelo sequestro-relâmpago de uma médica na Barra da Tijuca. A investigação já identificou toda a quadrilha. Essa é mais uma resposta rápida das nossas forças de segurança. Aqui o crime não tem vez", postou.

O Honda Civic Branco usado na ação foi apreendido em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e pertence à mãe do preso, que disse que o carro era usado pelo filho. Segundo a polícia, inicialmente o acusado alegou que tinha emprestado o veículo a um amigo.

Porém, imagens apresentadas pelo shopping, de cujo estacionamento as vítimas foram levadas, mostram que é Edmilson quem está na condução no carro, além de mostrar também o momento da retirada do tíquete de estacionamento. Ainda, segundo a polícia, em depoimento na presença de seu advogado, o preso acabou confessando participação no crime, junto aos três comparsas.

Chamada na delegacia, a vítima reconheceu fotograficamente os três acusados de serem comparsas do preso. Porém, não reconheceu Edmilson, porque o mesmo não saiu do veículo em que estava e que seguia na frente do carro da vítima, conduzido por um dos sequestradores.

As vítimas foram abordadas por volta de 20h50, ao saírem de uma lanchonete na Avenida João Cabral de Mello Neto, e ficaram reféns por cerca de 35 minutos, enquanto os bandidos desbloqueavam o celular e os aplicativos de bancos da mulher, utilizavam seus cartões de créditos em uma máquina portátil de pagamentos e ainda solicitavam transferência por PIX de seu marido e amigos. Eles foram deixados em um ponto de ônibus na Avenida Ayrton Senna, na Gardênia Azul.

Na 16ª DP (Barra da Tijuca), a médica relatou que, naquela noite, saía do shopping Via Parque com o filho quando notou que um carro branco, provavelmente das marcas Honda ou Hyundai, parou torto em uma vaga de estacionamento e ninguém saiu do veículo. Após deixar o local, dirigindo seu carro blindado, ela parou com o menino no drive-thru de uma lanchonete, na Rua João Cabral de Mello Neto. Saindo do estabelecimento, disse ter levado uma fechada cerca de 30 metros adiante do mesmo carro que havia visto no shopping e que já estava lhe aguardando.

A médica contou que, então, saíram do veículo três bandidos. Um deles, que veio pela frente, apontou-lhe um revólver, abriu a porta e ordenou que ela fosse para a parte traseira, onde estava a criança na cadeirinha. Ele assumiu a direção do carro, enquanto os outros dois se sentaram no banco do carona e no banco de trás, ao lado dela e do menino.

A partir daí, foram 35 minutos de tensão. Aos policiais, a mulher contou que seu veículo passou a seguir o dos criminosos, em velocidade de aproximadamente 20 quilômetros por hora, até a Cidade de Deus. Durante o percurso, eles foram exigindo as transações bancárias e ordenaram que ela ligasse para terceiros pedindo PIX, pois sabiam que naquele horário as transferências têm limite de mil reais. Além do valor total de R$ 3 mil nesse tipo de ferramenta, passaram em maquininhas dois cartões de crédito do Banco do Brasil e roubaram o celular iPhone 11 da vítima, além do carro.

Ainda na delegacia, a médica disse que, após pararem dentro da Cidade de Deus, ela e o filho foram deixados pelos bandidos em um ponto de ônibus próximo ao Espaço Hall, no sentido da Linha Amarela. Lá, a mulher conseguiu pedir socorro e ligar para o marido, que a buscou e a levou até a delegacia.

Abalada, a médica preferiu não dar entrevista sobre o caso. Ao GLOBO, a Secretaria de Polícia Militar informou que só teve conhecimento do caso após o registro feito na delegacia, não tendo sido acionada pela vítima. Já a Polícia Civil afirmou que câmeras de segurança de dois pontos — onde a vítima percebeu a presença dos criminosos —  foram requisitadas pelos agentes. “Outras diligências estão em andamento, porém, não podem ser detalhadas para não prejudicar a investigação”, disse, por meio da assessoria de imprensa. Em nota, o Via Parque disse que está colaborando com as investigações.

Em janeiro e fevereiro deste ano, foram registrados 29 sequestros-relâmpago no Estado do Rio, quase o dobro de 2021. Nos mesmos períodos, a polícia não recebeu nenhum caso de extorsão mediante sequestro.

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