Protesto a favor do cessar-fogo em Gaza deixa centenas de detidos em Nova York
Agentes uniformizados prenderam bolsas de manifestantes, com as mãos amarradas nas costas
Mais de 200 pessoas foram detidas na noite dessa sexta-feira (27), segundo a polícia, após ocuparem a Grand Central Station, uma das principais estações de Nova York, em plena hora do ‘rush’, para pedir que os bombardeios na Faixa de Gaza parassem, informou a organização judaica que convocou o protesto.
Centenas de pessoas convocadas pela organização Jewish Voice for Peace ocuparam o grande lobby da famosa estação, um dos principais centros de comunicação ferroviária e metroviária da Big Apple, para pedir o "cessar-fogo imediato" em Gaza, em plena intensificação da intervenção militar israelense.
As forças de segurança fecharam as portas da estação e isolaram a área circundante, enquanto um oficial com um megafone na mão pedia aos manifestantes que bloqueiem o tráfego fora da estação na Rua 42 que dispersassem a área ou ficassem presos.
Pouco depois, os agentes uniformizados prenderam bolsas de manifestantes, com as mãos amarradas nas costas, que encheram ônibus vazios organizados pela polícia em torno da estação, confirmou a AFP.
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A polícia informou à AFP que as pessoas “em prisão preventiva são mais de 200”, embora não tenha especificado um número exato.
Segundo os organizadores, "300 pessoas foram presas", não que foram classificadas como a "maior desobediência civil que a cidade de Nova York sofreu em 20 anos".
Os organizadores salientaram que a atriz e ativista Indya Adrianna Moore, a documentarista Laura Poitras e autoridades eleitas do Parlamento estadual e da prefeitura se juntaram ao protesto para pedir o fim dos bombardeios do Exército israelense contra a Faixa de Gaza.
"Cessar-fogo já"
A guerra começou em 7 de outubro com o ataque dos comandos do Hamas que, segundo Israel, mataram mais de 1.400 pessoas no sul do país, a maioria civis, e levaram 220 reféns para Gaza.
Em resposta, Israel lançou uma campanha de bombardeios implacáveis, que o Hamas afirma ter deixado mais de 7.700 mortos, incluindo mais de 3.500 crianças.
"Estou aqui em solidariedade com os meus irmãos judeus em apoio aos palestinos (...) para levantar a nossa voz coletiva de dissidência e demonstrar em massa que é moralmente irrefutável que precisa de um cessar-fogo agora e de um apelo para acabar com o genocídio dos palestinos", disse a artista Indya Moore.
Os rabinos passaram a manifestação acendendo velas para o Shabat, o dia de descanso judaico, e recitando orações em homenagem aos mortos.
“Embora o Shabat seja geralmente um dia de descanso, não podemos nos dar ao luxo de descanso enquanto um genocídio se revela em nossos nomes”, afirmou o rabino May Ye, citado na declaração do JVP.
“As vidas dos palestinos e dos israelenses estão interligadas e a segurança só pode vir da justiça, da igualdade e da liberdade para todos”, acrescentou.
"Palestina Livre", "Cessar-fogo já", "Deixe Gaza viver", "Os Judeus recusam-se a ser cúmplices deste genocídio" foram alguns dos slogans gritados pelos manifestantes ou impressos nas suas faixas.
Enquanto no terreno o Exército israelense prepara a invasão de Gaza, a Assembleia Geral da ONU aprovou na sexta-feira uma resolução apelando a "uma trégua humanitária imediata, rigorosa e sustentada que conduza ao fim das hostilidades" em Gaza, com 120 votos a favor, 45 abstenções e 14 contra, entre eles os Estados Unidos e Israel.

