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Argentina

Protesto contra reforma trabalhista reúne milhares de pessoas na Argentina

Embora o projeto ressalte que as mudanças serão feitas por acordo mútuo, os sindicatos interpretam que a disparidade de força vai prejudicar os trabalhadores

Pessoas protestaram contra a reforma trabalhista promovida pelo presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, em uma manifestação convocada pela principal central sindical do país.Pessoas protestaram contra a reforma trabalhista promovida pelo presidente ultraliberal da Argentina, Javier Milei, em uma manifestação convocada pela principal central sindical do país. - Foto: Juan Mabromata / AFP

Milhares de pessoas repudiaram nesta quinta-feira (18) a reforma trabalhista promovida na Argentina pelo presidente Javier Milei, com uma manifestação em Buenos Aires convocada pela principal central sindical do país, o primeiro protesto contra a iniciativa.

O projeto de "modernização trabalhista", que o Senado começou a discutir na véspera, limita o direito à greve, reduz indenizações e permite uma jornada de trabalho de 12 horas, entre outros pontos considerados inaceitáveis pela Confederação Geral do Trabalho (CGT).

Embora o projeto ressalte que as mudanças serão feitas por acordo mútuo, os sindicatos interpretam que a disparidade de força vai prejudicar os trabalhadores.

Milhares de manifestantes, muitos deles vestidos com camisetas de sindicatos e partidos políticos, começaram a se concentrar ao meio-dia na emblemática Praça de Maio, em frente à Casa Rosada.

"A reforma significa colocar um companheiro contra o outro", criticou o operário químico e representante sindical Julio Barroso, 51 anos. O projeto busca fazer com que "os trabalhadores percam força coletiva para se defender, e fomentar o 'Salve-se quem puder'", disse à AFP, em meio a cartazes nos quais se lia: "Sem pão e trabalho não há paz".

Jorge Solá, um dos líderes da CGT, prometeu em discurso convocar "uma paralisação nacional" se as demandas dos trabalhadores não forem atendidas.

No meio do dia, a senadora Patricia Bullrich, presidente da comissão que analisa a reforma, anunciou a suspensão do debate até fevereiro: "Ouvimos todos os envolvidos, conversamos com os diferentes blocos, vamos assinar uma ordem para deixá-lo aberto e propomos adiar o debate para 10 de fevereiro, para podermos analisar todos os pedidos que chegaram."

O governo afirma que as mudanças vão dinamizar o mercado, que tem quase 40% da sua força de trabalho na informalidade, em meio a uma economia com sinais de recessão. Também considera a lei trabalhista obsoleta, e que ela é o principal obstáculo à criação de empregos formais, e propõe a flexibilização dos contratos de trabalho e a redução dos encargos patronais.

O secretário do Trabalho, Julio Cordero, disse ontem que a lei atual "paralisa contratações", porque "há o temor de entrar em um mundo que se mostra conflituoso".

Para Pablo Ríos, de 44 anos, funcionário de um hospital, "essa lei, pensada para o empresário ou dono da empresa, não vai funcionar".

A Confederação denunciou em redes sociais que controles policiais impediam a entrada de caravanas de ônibus com manifestantes, a fim de reduzir a participação no protesto.

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