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manifestação

Protestos por cortes nos subsídios aos combustíveis param vias na Bolívia

Trabalhadores dos transportes exigem que o governo recue

Veículos formam fila em um posto de gasolina para abastecer em La Paz, em 18 de dezembro de 2025.Veículos formam fila em um posto de gasolina para abastecer em La Paz, em 18 de dezembro de 2025. - Foto: Jorge Bernal / AFP

Um protesto de trabalhadores dos transportes parou vias nas principais cidades da Bolívia, nesta sexta-feira (19), após a decisão do novo governo de centro-direita de eliminar os subsídios aos combustíveis, o que dobrou os preços da gasolina e do diesel.

Durante 20 anos, as tarifas permaneceram congeladas pelos governos de esquerda de Evo Morales (2006-2019) e Luis Arce (2020-2025), que, com prejuízos no mercado interno, importavam combustíveis para revendê-los.

Esta política esgotou os dólares das reservas internacionais e desencadeou a pior crise no país em quatro décadas.

Na quarta-feira (17), o presidente Rodrigo Paz anunciou um pacote de decisões para enfrentar a crise, entre elas o fim do subsídio.

Trabalhadores dos transportes exigem que o governo recue. Nesta sexta-feira, bloquearam as principais ruas de La Paz e El Alto (oeste) e em Santa Cruz (leste), não saíram para trabalhar. Nas estações de teleférico, os moradores de La Paz formaram filas de centenas de metros.

"Para nós já não há Natal", disse à AFP Paulina Tancara, uma comerciante de 74 anos decepcionada com Paz, a quem deu seu voto.

Os preços dos alimentos e outros produtos básicos aumentaram nos mercados, segundo relatos da imprensa local.

O governo "está há apenas um mês" no poder e já "está nos matando de fome", comentou Tancara.

Os comerciantes também tomaram as ruas de La Paz para exigir a revogação da medida, nesta sexta-feira.

"As pessoas já não compram de nós. Estão comprando mantimentos, estão se abastecendo" de produtos necessários, disse Patricia Tintaya, de 47 anos que vende artigos para pets.

A Bolívia atravessa uma acentuada escassez de divisas.

A inflação chegou perto de 20% no período de 12 meses encerrado em novembro.

Outros setores também programaram próximas mobilizações.

Um sindicato de mineiros declarou greve por tempo indeterminado e exigirá a renúncia de Paz. Agricultores cocaleiros, liderados por Evo Morales, marcharão na segunda-feira (22) em Cochabamba, no centro do país.

"Podemos ganhar esta batalha (...), todo o povo está revoltado", disse Morales, nesta sexta-feira, em uma reunião sindical.

Morales, que governou em três mandatos consecutivos entre 2006 e 2019, não pôde participar das últimas eleições devido a uma decisão judicial que proibiu mais de uma reeleição.

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