Sáb, 06 de Dezembro

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INVESTIGAÇÃO

Quem é o egípcio suspeito de elo com a Al-Qaeda investigado por lavar dinheiro para Comando Vermelho

Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, que vive em São Paulo, foi citado em uma operação que envolve também a esposa de MC Poze e o Professor

Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed IbrahimMohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim - Foto: arquivo pessoal

Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, egípcio suspeito de ligação com o grupo terrorista Al-Qaeda é um dos investigados da operação deflagrada nesta terça-feira pela Polícia Civil, que mira o núcleo financeiro do Comando Vermelho (CV) no Rio.

A facção é acusada de lavar mais de R$ 250 milhões provenientes do tráfico de drogas e da compra de armamentos de uso restrito. Segundo a corporação, também estão entre os investigados a esposa do MC Poze do Rodo — preso por suspeita de apologia ao crime — e o traficante Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, que comandava o Complexo do Alemão e foi morto no domingo.

Segundo Moysés Santana Gomes, delegado titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, é um indivíduo “com relevante histórico no sistema financeiro informal vinculado ao Comando Vermelho” e “procurado pelo FBI por suspeita de atuar como agente facilitador de operações financeiras em nome da Al-Qaeda”.

O Globo tenta contato com a defesa de Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim.

Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e em São Paulo, bloqueando bens e valores de 35 contas bancárias ligadas ao esquema, que usava pessoas físicas e jurídicas para ocultar a origem ilícita do dinheiro e reinvesti-lo em fuzis, cocaína e na expansão territorial da facção em diversas comunidades.

Em 2019, o egípcio foi retirado da lista de procurados do FBI, mas continua sendo considerado suspeito pelas autoridades brasileiras e americanas. Na época, Mohamed foi interrogado pelo FBI e pela Polícia Federal, mas negou qualquer envolvimento com o grupo, atribuindo as acusações a perseguição política no Egito.

'Professor' e esposa de Poze também estão envolvidos
As investigações identificaram Fhillip Gregório da Silva, o Professor — que morreu no último domingo no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio —, como uma das figuras centrais da engrenagem financeira da facção, responsável por eventos como o "Baile da Escolinha".

O evento, afirma a Polícia Civil, funcionava como ferramenta de captação de recursos para o tráfico de drogas e armas. A morte do criminoso, dizem os policiais, não compromete o andamento do inquérito e também não interfere nas medidas judiciais em andamento. A sua importância dentro do esquema, principalmente na estruturação de empresas de fachada para dar aparência de legalidade ao dinheiro sujo, continua.

Segundo a investigação, Viviane Noronha e sua empresa figuram como beneficiárias diretas de recursos oriundos do CV, recebidos por meio de laranjas com o objetivo de ocultar a origem ilícita do dinheiro. As análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico de drogas e de operadores da lavagem de capitais da facção foram direcionados para contas bancárias ligadas à influenciadora, que, ainda conforme a Polícia Civil, passou a ser um dos focos centrais do inquérito.

Enquanto isso, a defesa da influenciadora afirma não haver envolvimento de Viviane com quaisquer atividades criminosas.

— Não há nenhum envolvimento de Viviane com quaisquer atividades criminosas. Tomaremos conhecimento dos autos e ao fim da investigação é certo que qualquer ilação contra a mesma será devidamente arquivada — explicou Fernando Henrique, advogado de Viviane Noronha.

'Baile da Escolinha'
RIO
As investigações apontam ainda que um restaurante situado em frente ao local onde é realizado o "Baila da Escolinha" funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, movimentando recursos provenientes do tráfico sob a fachada de atividade empresarial lícita, diz a Polícia Civil. O local. de acordo com a corporação, era utilizado como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da comunidade à engrenagem financeira do CV.

Outra empresa com papel relevante no esquema, segundo a Polícia Civil, é uma produtora identificada como operadora de lavagem de dinheiro e fomentadora de bailes funk promovidos por integrantes da facção criminosa, que funcionavam como ponto de venda de drogas. As investigações revelaram que o responsável pela firma e a própria empresa figuram como destinatários diretos de recursos financeiros oriundos de operadores do CV, recebendo valores de pessoas físicas e jurídicas com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos lucros do tráfico.

Entre os remetentes identificados nas análises financeiras destacam-se, afirma a Polícia Civil, um segurança pessoal do traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe da facção no Complexo do Alemão, e o homem procurado pelo FBI.

A operação mobiliza equipes das delegacias de Roubos e Furtos (DRF), de Repressão a Entorpecentes (DRE) e do Departamento Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD).

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