Quem é o "Grisalho" que Putin integrou ao governo para recrutar voluntários de guerra
Andrey Troshev, conhecido pelo codinome "Sedoi" (Grisalho, em russo), é militar reformado e fundador do grupo paramilitar que era chefiado por Yevgeny Prigojin
O veterano do Grupo Wagner convidado pelo presidente russo para atuar no Ministério da Defesa como coordenador do recrutamento de voluntários para a guerra na Ucrânia já era apontado, há meses, como o preferido de Vladimir Putin para substituir Yevgeny Prigoji, o líder dos paramilitares mortos em agosto na queda de um avião entre Moscou e São Petersburgo. Andrey Troshev — conhecido pelo codinome “Sedoi” [Grisalho, em russo] — é coronel reformado das forças russas e veterano de diversas guerras, experiente e condecorado pela bravura no Afeganistão, de acordo com diversos veículos de mídia internacionais.
Há poucas informações oficiais sobre ele. De acordo com fontes russas ouvidas pela agência de notícias Reuters, Troshev nasceu em Leningrado — nome soviético da cidade de São Petersburgo — em 1962. A mesma agência informou que documentos da União Europeia [UE] mencionam 1953 como o ano de nascimento dele.
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A Reuters também apurou que ele foi combatente das então forças soviéticas que lutaram no Afeganistão, na década de 1980, quando foi homenageado duas vezes pela bravura com a medalha da Ordem da Estrela Vermelha. Após a queda da União Soviética, em 1991, Troshev lutou no norte do Cáucaso, junto ao Exército russo. O veterano da guerra na Chechênia foi ainda comandante de um batalhão especial de reação rápida do Ministério do Interior russo.
Documentos da União Europeia [UE] indicam que ele comandou as missões do Wagner na Síria, em apoio ao regime do ditador Bashar al-Assad, após o levante da Primavera Árabe em 2011. Em 2016, ganhou a medalha mais importante do país, de Heroi da Rússia, pelo ataque à Palmira, uma das batalhas mais sangrentas da guerra síria.
De acordo com a CNN, Troshev aparece em documentos sobre sanções aplicadas pela UE a pessoas ligadas ao regime de Putin. Em um deles, o mercenário é descrito como “diretor-executivo” e fundador do Wagner. “Andrey Troshev se envolveu diretamente nas operações militares do Wagner na Síria”, registra o documento, que ainda completa que “esteve particularmente envolvido na área de Deir al-Zoir". Desse modo, ele oferece contribuição crucial para os esforços de guerra de Bashar al-Assad".
Preferido de Putin
Em julho, Putin já havia manifestado a preferência por "Sedoi" para ocupar o lugar de Prigojin, transformado de aliado em rival após o motim dos mercenários contra a alta cúpula da Defesa russa, em junho. Na época, a CNN publicou que o jornal Kommersant divulgou declarações do presidente russo durante uma reunião, cinco dias depois da rebelião, em que participaram o próprio Prigojin e outros integrantes de alto escalão do Wagner. Na ocasião, segundo o jornal, Putin sugeriu a manutenção das operações do Wagner sob o comando de Troshev. O presidente russo teria dito que “Sedoi vinha sendo o verdadeiro comandante do Wagner”.
Nesta sexta-feira, o Kremlin informou que Putin pediu a Troshev para coordenar o treinamento de voluntários para lutar na Ucrânia. O governo russo também divulgou que ele agora trabalha para o Ministério da Defesa.
"Durante a última reunião, conversamos sobre que estará envolvido na formação de unidades capazes de executar diversas missões de combate, principalmente, é claro, na zona da 'operação militar especial' na Ucrânia", disse Putin a Troshev, em reunião na quinta-feira, segundo um comunicado do Kremlin divulgado nesta sexta.
Putin destacou ainda que ele tem experiência para coordenar esse tipo de missão, sem mencionar o nome do Grupo Wagner. O vice-ministro da Defesa, Yunus-Bek Yevkurov, também participou da reunião, que teve as imagens divulgadas pelo Kremlin, em uma sinalização clara da intenção de assumir o controle sobre as operações dos paramilitares.

