"Quem estava lá dentro estava louco gritando por socorro", diz vizinho sobre incêndio em confecção
As chamas começaram por volta das 7h30 no imóvel em Ramos, Zona Norte da cidade. Bombeiros seguem no local
Micheline Barcelos foi uma das vizinhas que se mobilizou no socorro das vítimas do incêndio da confecção de roupas de carnaval em Ramos, na Zona Norte. Ela conta que acordou, por volta das 7h, com os gritos desesperados de socorro. Junto a outros vizinhos, ela disponibilizou escada, mangueira, água, panos molhados. Também orientou os funcionários que conseguiram sair pela janela do prédio em chamas, que fica por cima do quintal de sua casa.Sete pessoas ficaram feridas.
— Eu levei um susto, gritavam muito! Quando eu fui ver, tinha muito fumaça no quintal, pessoas nas janelas do prédio. Os vizinhos foram chegando, a gente correu para ajudar.
O pedreiro Charles Ferreira também ouviu os gritos de socorro, pegou a moto e foi até o Corpo de Bombeiros mais próximo em busca de ajuda.
— Eu achei até que era briga, mas quando vi a fumaça… Saí correndo, peguei a moto e fui atrás dos bombeiros.
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A fábrica fica nos fundos da casa dele. Ele relata que a fumaça estava “insuportável”, muito preta. Junto aos bombeiros, ele ajudou no resgate de cerca de 10 pessoas.
— Nós começamos o resgate com um carro pipa e uma ambulância, mas logo vimos que não era suficiente. Acionamos a polícia e logo foi chegando mais e mais gente para ajudar. A loja é uma fábrica antiga, de janelas gradeadas, não tem como sair nem entrar. Quem estava lá dentro estava louco gritando por socorro.
Resgate das vítimas
Na lateral do prédio, onde os homens estavam no imóvel na janela, os bombeiros tentavam acessar por escadas cedidas por moradores do entorno. No entanto, os equipamentos não alcançavam. Os bombeiros conseguiram passar uma das escadas reforçadas e foi possível alcançar a janela. Um dos agentes quebrou parte da estrutura de ferro e teve início a retiradas dos homens. Quatro pessoas foram resgatadas. Não há o número total de pessoas resgatadas no local e nem confirmação se pessoas seguem no local.
— Foi muito desesperador, mas eu estou bem. A gente estava dormindo. Tem mais de 20 pessoas lá dentro. Preciso acalmar minha mãe — disse o aderecista Wesley, que foi resgatado pelos bombeiros pela janela. Ao sair do imóvel, ele falava ao celular para entrar em contato com a família, mostrou o "Bom Dia Rio", da TV Globo.
Outro funcionário que trabalhava no local contou que, no momento, entre 30 e 40 pessoas estavam na produção. O incêndio, segundo relatou, teve início no andar térreo do imóvel. Ele contou que as chamas logo tomaram conta por conta do material para a confecção das fantasias, como espuma e tecidos.
— Foi muito rápido. Um desespero — contou.
Antes do resgate, moradores do entorno jogavam toalhas molhadas para as pessoas que estavam presas próximas à janela colocarem no rosto e aliviar a respiração por conta da fumaça. Victor Hugo, vizinho da confecção, conta que os moradores conseguiram resgatar quatro vítimas do incêndio:
— As pessoas estavam pedindo socorro. A gente conseguiu tirar quatro pessoas que estavam na janela, já estavam desesperadas, não conseguiam respirar e a gente conseguiu resgatar essas quatro pessoas. Saiu um, tem três aqui, só que a maioria tá saindo pela frente. Deve ter mais de quinze pessoas, vinte pessoas lá na frente. As pessoas estão bem. Só o choque, né? O trauma. O pessoal tinha vários amigos ali, conhecidos, e está no trauma — relatou ao "Bom Dia Rio".
O imóvel fica na Rua Roberto Silva, 145, próximo ao Colégio Pio XI. Os alunos foram liberados da aula por volta das 8h10.
Segundo o Centro de Operações Rio, o incêndio interdita a Rua Roberto Silva, em Ramos, na altura da Rua Uranos. Além dos bombeiros, há equipes da Guarda Municipal e da Polícia Militar no local.

