Relógios durante o Conclave: cardeal do Rio que participou pela primeira vez fala da experiência
Rito teve a escolha de Robert Francis Prevost, o Papa Leão XIV, no Vaticano
O cardeal D. Orani Tempesta, arcebispo do Rio, que participou pela primeira vez de um conclave — que elegeu Robert Francis Prevost, o Papa Leão XIV — chegou de Roma no final da madrugada desta quarta-feira. Ele falou da experiência inédita na sua carreira religiosa e contou um pouco dos bastidores.
Segundo disse, para evitar que informações sigilosas fossem vazadas, os religiosos que participaram da eleição do novo Pontífice tiveram de entregar celulares, smartwatchs ou outros aparelhos com acesso à internet, que foram lacrados e devolvidos somente depois de encerrada a votação.
— Tinha cardeal sem relógio ou celular para poder saber que horas levantar (da cama) ou almoçar. Muita gente saiu para procurar relógio analógico ou despertador — lembrou D. Orani, acrescendo que os sinais de internet também estavam bloqueados.
Leia também
• Seguidor de Trump, Louis Prevost promete 'maneirar' após irmão ser papa
• Com mais de 10 mi de seguidores, conta do Papa Leão XIV no Instagram é ativada pelo Vaticano
• Papa Leão XIV recebe no Vaticano o líder do ranking mundial de tênis Jannik Sinner; veja vídeo
Sobre a eleição, D. Orani disse que os cardeais votaram sob a inspiração do Espírito Santo e brincou dizendo que quem recorreu às bolsas de apostas perdeu dinheiro. Ele negou, ainda, que a escolha do líder da Igreja Católica seja fruto de conchavo político, como mostra o filme "Conclave", que, por sinal, não foi assistido por ele.
— É a ação do Espírito Santo que vai conduzindo a Igreja. E vimos pela repercussão como é bem aceito o Papa Leão XIV — disse.
Dom Orani contou ainda que o primeiro encontro dele com o novo Papa depois da eleição se deu na última segunda-feira, durante agenda privada. O cardeal disse que aproveitou para explicar que não poderia comparecer à solenidade oficial de apresentação do Pontífice, marcada para o próximo domingo, por conta de compromissos no Rio, entre eles, a ordenação de novos bispos.
Sobre a possibilidade de uma vinda do novo Pontífice ao Brasil e, em especial, no Rio, onde já esteve ainda como cardeal, D. Orani disse que não tem previsão e que em princípio ele deve seguir a agenda prevista para o seu antecessor, o Papa Francisco.
O cardeal disse que uma possibilidade de ter o novo Papa em solo brasileiro seria durante a COP 30, conferência sobre mudanças climáticas, marcada para novembro, em Belém, mas que não há nada confirmado. Uma visita ao Rio, segundo D. Orani, precisaria de uma motivação especial. Ele revelou que chegou a pensar nos festejos de 450 anos da Arquidiocese do Rio, que vão de julho desse ano a novembro do ano que vem, mas não tem certeza que seja suficiente para atrair o Pontífice à cidade.

