Rio enviará relatório a autoridades dos EUA para enquadrar quadrilhas como narcoterroristas
Afirmação é do secretário de Estado de Segurança Pública, Victor Santos
O secretário de Estado de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou, na entrevista sobre a prisão de Celsinho da Vila Vintém, que um relatório produzido pelas inteligências das polícias Militar e Civil será entregue a autoridades dos Estados Unidos. O objetivo é obter o reconhecimento formal de grupos criminosos do Rio como organizações narcoterroristas. Segundo o secretário, o documento detalha ligações entre chefes do Comando Vermelho e grupos milicianos com redes internacionais de crime, como máfias italianas e organizações classificadas como terroristas.
— Isso é um avanço para o Estado do Rio de Janeiro. Temos o total apoio do governador Cláudio Castro, que é um entusiasta dessa articulação. O princípio do pacto federativo dá legitimidade ao governador para buscar essa declaração junto aos americanos — afirmou Santos.
Se for obtido o apoio dos EUA, o estado espera estreitar a cooperação técnica com autoridades daquele país, principalmente na capacitação de agentes para o combate à lavagem de dinheiro.
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— O sistema financeiro dos EUA, com o uso do Swift ( Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais, na sigla em inglês) , tem facilidade em rastrear e bloquear valores suspeitos no mundo todo. Se houver suspeita de que o dinheiro venha de uma organização criminosa ou terrorista, é possível agir rapidamente — explicou.
A expectativa é de que um representante do governo americano chegue ao Rio ainda esta semana para discutir o tema. O relatório, segundo o governo, será oficialmente entregue por Cláudio Castro, com o suporte da equipe de segurança pública do estado.
— Temos narcoterroristas no Rio — destacou o secretário.
Na entrevista, Victor Santos também enfatizou que os criminosos que atuam em comunidades do Rio praticam atos equivalentes a terrorismo.
— A utilização de civis, mulheres, crianças, grávidas, trabalhadores, como escudos humanos para impedir operações policiais é uma tática clara de terror — disse.
O secretário detalhou que os bandidos impedem a operação de serviços essenciais e impõem o medo:
— Impedem o ir e vir, barram ambulâncias e coleta de lixo. Impõem o medo para controlar a comunidade. Isso é narcoterrorismo.
A atuação de tribunais do tráfico e execuções públicas dentro das favelas também foi citada como parte dessa lógica de terror.
— Eles investigam, julgam e executam desafetos. Muitas vezes, matam na frente de todos para impor a lei do silêncio. Isso é terrorismo. Até a ONU reconhece práticas assim como terroristas.
Investigação recente conduzida pelas delegacias de homicídios da Baixada Fluminense e da Capital, concluiu que "narcoterroristas" do Complexo de Israel, na Zona Norte da capital, atiraram de propósito contra pessoas que estavam em vias expressas durante uma operação ocorrida em outubro de 2024.
O ataque resultou na morte de três homens e ferimentos em outras vítimas. Cinco criminosos foram indiciados pelo crime, investigado pelas delegacias de Homicídios da Capital (DHC) e da Baixada Fluminense (DHBF), incluindo Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, apontado como mandante da ação e ligado ao Terceiro Comando Puro (TCP).
— Eles atiraram para matar e forçar a saída da polícia. Isso é uma tática de guerra contra o Estado.
O secretário disse ainda que existem inquéritos que comprovam a atuação do Comando Vermelho com a máfia italiana, terroristas e criminosos dos Estados Unidos. Não havendo dúvida de que a facção está expandindo seu território internacionalmente.

