Sáb, 20 de Dezembro

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Rússia sai do Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa; entenda

Documento original foi assinado por 22 países da Otan e pela antiga União Soviética; acordo estabelecia limites para número de equipamentos militares

Base aérea de Engels na Rússia no início deste anoBase aérea de Engels na Rússia no início deste ano - Foto: Divulgação / Ministério da Defesa da Rússia

A Rússia concluiu, nesta terça-feira(7), o processo de saída do Tratado das Forças Armadas Convencionais na Europa (Face), anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo. Em comunicado, a pasta afirmou que “o documento jurídico internacional, cuja validade foi suspensa já em 2007, foi definitivamente remetido para a história”.

Além do Face, outros dois documentos perderam a validade: o Acordo de Budapeste de 1990, que estabelecia limites máximos de armamento para cada país do Pacto de Varsóvia; e o Acordo de 1996 que limitava o número de forças após o colapso da antiga União Soviética.

O que é o Face?
O Face, que já foi considerado a pedra angular da segurança europeia, eliminou a vantagem quantitativa da antiga União Soviética em matéria de armas convencionais na Europa. Isso porque o tratado estabelecia limites iguais para o número de tanques, veículos blindados de combate, artilharia pesada, aviões de combate e helicópteros de ataque que a Otan e o Pacto de Varsóvia podiam ter entre o oceano Atlântico e os Urais.

O documento original foi assinado por 22 países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e pela União Soviética. Uma versão foi atualizada nove anos mais tarde para refletir o alargamento da Otan e a dissolução do Pacto de Varsóvia. Esta última não foi ratificada.

"Responsabilidade direta da Otan"
Ainda em comunicado, o Ministério pontuou ter levado em conta o que chamou de “responsabilidade direta dos países da Otan”, que “incitaram o conflito na Ucrânia, bem como a admissão da Finlândia na Aliança e a consideração de um pedido semelhante da Suécia”. Por isso, disseram, “até mesmo a preservação formal do Tratado Face tornou-se inaceitável do ponto de vista dos interesses fundamentais de segurança da Rússia”.

A declaração acrescentou que é possível concluir que “as tentativas de garantir a segurança militar na Europa sem ter em consideração os interesses da Rússia não conduzirão a nada de bom para os promotores”. Além disso, segundo Moscou, as tentativas de preservar “acordos ultrapassados” que não correspondem à nova situação também estão condenados ao fracasso e podem levar à destruição da cooperação.

“A Rússia despede-se definitivamente do Face, sem arrependimentos e com plena confiança de que está certa”, concluiu a nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

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