Dom, 07 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
guerra

Rússia e Ucrânia acertam troca de presos, mas diálogo de paz não avança

O diálogo, realizado nesta sexta (16), não teve a presença nem do russo Vladimir Putin nem do ucraniano Volodmir Zelenski

Membros das delegações ucraniana (E) e russa (D) participando de uma reunião no escritório presidencial turco em Dolmabahçe, em Istambul.Membros das delegações ucraniana (E) e russa (D) participando de uma reunião no escritório presidencial turco em Dolmabahçe, em Istambul. - Foto: Handout / Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia / AFP

Rússia e Ucrânia concordaram nesta sexta (16), com uma troca de 2 mil prisioneiros, mas não conseguiram avançar na primeira negociação direta de paz desde 2022, realizada em Istambul, na Turquia.

O diálogo não teve a presença nem do russo Vladimir Putin nem do ucraniano Volodmir Zelenski.

Sob pressão do presidente dos EUA, Donald Trump, a Ucrânia defendia um cessar-fogo de 30 dias antes das negociações começarem.

Putin rejeitou a proposta, mantendo suas exigências maximalistas, incluindo sérias restrições à soberania ucraniana

As imagens da reunião foram contrastantes: os delegados russos em ternos escuros sentados diante de representantes ucranianos vestindo uniformes camuflados de guerra, que se tornaram a marca da resistência à invasão.

A reunião foi realizada no Palácio de Dolmabahce, em Istambul, e durou menos de duas horas.

O único resultado real foi a troca de 2 mil prisioneiros de guerra - mil de cada lado, a maior já realizada desde o início do conflito, há três anos.

Encontro
Os dois lados chegaram a discutir um encontro entre Putin e Zelenski, mas não chegaram a um acordo.

O cessar-fogo temporário, exigido pela Ucrânia, também não avançou, o que mostra a distância entre russos e ucranianos sobre o que é preciso para encerrar a guerra.

De acordo com os mediadores turcos, a equipe russa disse aos ucranianos que, para conseguir o cessar-fogo, eles deveriam se retirar totalmente das quatro regiões no leste da Ucrânia anexadas em 2022 - os ucranianos ainda controlam um vasto território, incluindo duas capitais regionais.

As exigências russas aumentam as suspeitas de que Putin não esteja sendo realista nas negociações e colocam em dúvida se o presidente da Rússia, que afirma estar vencendo a guerra, está de fato disposto a acabar com ela.

Equilíbrio
Putin enfrenta um delicado equilíbrio. Ele quer convencer Trump, que promete uma nova relação com Moscou, de que a Rússia não é um empecilho para a paz na Ucrânia.

Ao mesmo tempo, ele busca a capitulação total dos ucranianos, no campo de batalha e na mesa de negociação.

Após a reunião de ontem, Vladimir Medinski, que lidera a delegação de Putin, disse à TV estatal russa que aqueles que exigem um cessar-fogo antes das negociações de paz não conhecem a história.

"Como demonstrou Napoleão, guerra e negociações, em geral, sempre acontecem simultaneamente", disse.

Rustem Umerov, ministro da Defesa e chefe da delegação ucraniana, confirmou ontem que os dois lados haviam discutido na reunião a troca de prisioneiros, um cessar-fogo e a possibilidade de organizar uma reunião entre Putin e Zelenski.

"Gostaríamos de reiterar que queremos a paz", afirmou. "Somos capazes de continuar lutando, mas de alguma maneira precisamos encerrar essa guerra."

Zelenski, que esteve ontem na Albânia, voltou a desafiar Putin. Ele disse que o presidente russo estava "com medo" de encontrá-lo pessoalmente e havia transformado as negociações de Istambul em um "processo de paz vazio e encenado".

Pressão máxima
O presidente ucraniano também exigiu novas sanções contra o setor energético e os bancos da Rússia, até que Moscou se engaje de verdade em uma negociação séria.

"A pressão deve continuar e aumentar até que haja um progresso real", afirmou.

Secretário de Estado dos EUA defende fim de 'massacre' russo
Em uma rara mudança de tom, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que a Rússia deveria interromper o "massacre" na Ucrânia antes que representantes dos dois países se reunissem em qualquer negociação de paz.

A posição de Rubio foi revelada pelo porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, e foi dada pouco antes do início da reunião de ontem entre as delegações de Kiev e Moscou, em Istambul (Turquia). (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Veja também

Newsletter