Saiba quais os termos da proposta dos EUA para cessar-fogo total no conflito entre Ucrânia e Rússia
Estados Unidos propuseram paz imediata de 30 dias na guerra, que "pode ser estendida por acordo mútuo das partes"
Os Estados Unidos propuseram um cessar-fogo total e imediato de 30 dias no conflito entre Ucrânia e Rússia, que "pode ser estendido por acordo mútuo das partes".
A proposta, aceita pelo governo ucraniano em uma reunião na Arábia Saudita nesta terça-feira, inclui a retomada de quase US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,8 bilhões) em assistência de segurança e do compartilhamento de inteligência americana a Kiev.
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Outro ponto do acordo prevê o desenvolvimento dos recursos minerais críticos da Ucrânia para fortalecer sua economia e compensar o custo da ajuda dos EUA. No entanto, a implementação da trégua ainda depende da aceitação da Rússia.
Principais pontos da proposta
De acordo com o comunicado oficial divulgado após a reunião, o cessar-fogo “pode ser estendido por acordo mútuo das partes”, mas ainda "está sujeito à aceitação e implementação simultânea pela Federação Russa".
Antes do encontro, Kiev defendia que a suspensão dos ataques se aplicasse apenas no âmbito aéreo e marítimo, enquanto o fim dos combates terrestres dependeria de garantias de segurança fornecidas por aliados ocidentais para impedir uma nova invasão russa.
Em uma publicação nas redes sociais, Zelensky afirmou que o cessar-fogo proposto pelos EUA se aplica a todas as frentes de combate. “A Ucrânia aceita esta proposta, nós a consideramos positiva, estamos prontos para dar esse passo.
Os Estados Unidos da América devem convencer a Rússia a fazer isso. Ou seja, nós concordamos, e se os ‘russos’ concordarem, naquele momento a trégua entrará em vigor”.
Na véspera do encontro, Zelensky afirmou que um cessar-fogo total e sem garantias daria tempo ao Kremlin para “curar os feridos, recrutar infantaria da Coreia do Norte e recomeçar esta guerra”.
Outro ponto-chave da proposta é a retomada do compartilhamento de inteligência dos EUA com a Ucrânia e a liberação de quase US$ 1 bilhão em assistência de segurança — medidas que haviam sido interrompidas após a discussão entre Zelensky e Trump no Salão Oval.
O comunicado também menciona o início imediato de negociações para alcançar “uma paz duradoura e eficaz para a segurança de longo prazo da Ucrânia”.
Além do cessar-fogo, as delegações discutiram um acordo para impulsionar a economia ucraniana por meio do desenvolvimento de seus recursos minerais críticos.
O objetivo é garantir a recuperação financeira do país e, ao mesmo tempo, compensar os custos da assistência americana.
Esse plano deveria ter sido assinado por Trump e Zelensky na Casa Branca no último dia de fevereiro, mas foi adiado devido à polêmica discussão.
A posição dos EUA
Em entrevista coletiva, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmaram que a reunião em Jeddah representou um avanço significativo.
Agora, Washington levará os termos da proposta ao Kremlin.
— Vamos levar a oferta a eles (russos). Vamos dizer a eles: é isso que está na mesa — afirmou Rubio. — A Ucrânia está pronta para parar de atirar e começar a conversar, e agora caberá a eles dizer sim ou não. Espero que digam sim. Se disserem, então acho que fizemos um grande progresso. Se disserem não, então infelizmente saberemos qual é o impedimento para a paz aqui.
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Nos próximos dias, Waltz deve se reunir com representantes do governo russo, enquanto Rubio apresentará os planos aos chanceleres do G7, o grupo de sete das mais industrializadas economias do planeta.
A posição da Rússia
O Kremlin, no entanto, mantém sua posição contrária a um cessar-fogo temporário, já defendido pelo presidente francês Emmanuel Macron. Moscou exige “compromissos firmes sobre um acordo final”.
O porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, declarou que ainda não recebeu detalhes sobre o que foi discutido na reunião em Jeddah.
Um dos temas mais sensíveis que não foram abordados no comunicado oficial é a questão territorial. Estima-se que 20% do território ucraniano, com base nas fronteiras de 1991, estejam sob controle russo.
Há pressão tanto de Moscou quanto da própria Casa Branca para que Kiev aceite ceder parte dessas áreas como parte de um eventual acordo de paz.
Na segunda-feira, Marco Rubio admitiu que recuperar todo o território ucraniano será um desafio.
— Os russos não podem conquistar toda a Ucrânia, e obviamente será muito difícil para a Ucrânia em qualquer período de tempo razoável forçar os russos a voltarem para onde estavam em 2014 — afirmou, na segunda-feira, o secretário de Estado.

