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Sangria transforma barragem de Brotas em ponto turístico em Afogados da Ingazeira

Represa não transbordava há sete anos e nível de água chega a 104%; prefeitura deu início a plano de contingência na infraestrutura do local e proteção a moradores das margens do rio

Visitação na barragem de Brotas após sangriaVisitação na barragem de Brotas após sangria - Foto: Cortesia

45A barragem de Brotas faz parte da bacia hidrográfica do rio Pajeú, a maior de Pernambuco, e tem capacidade para mais de 19,6 milhões de metros cúbicos de água. A represa, localizada em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Estado, não transbordava há mais de sete anos e sangrou no início da tarde de 9 de abril. Moradores da região aguardavam com expectativa o momento e comemoraram quando a primeira lâmina de água verteu no paredão da barragem. Desde então, o local voltou a ser atração turística na região.

Para controlar o fluxo de visitantes e proteger os moradores das margens do rio Pajeú, a Prefeitura da cidade iniciou um plano de contingências, que inclui o monitoramento da vazão do rio e melhorias na infraestrutura da barragem, que abastece as cidades de Afogados da Ingazeira e Tabira. A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar estão controlando o acesso e permitindo apenas um grupo de 20 pessoas por vez das 6h às 18h, que tem, em média, cinco minutos para visitar e fazer imagens. Grades e cercas também foram instaladas para evitar acidentes.

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“A barragem é estratégica para o abastecimento de Afogados e Tabira e não transbordava há sete anos. Hoje a lâmina está com cerca de 15 a 25 centímetros, um nível de mais de 104%”, disse o prefeito da cidade José Patriota, que coordena o grupo de contingenciamento do paredão e impactos de uma possível cheia. “O plano consiste em um conjunto de medidas e ações que vai dos cuidados com a proteção para evitar afogamentos e acidentes ao cadastro de famílias que poderão ser atingidas por uma enchente”, acrescentou o socialista.

Prefeitura organizou melhorias para a infraestrutura da barragem de Brotas

Prefeitura organizou melhorias para a infraestrutura da barragem de Brotas - Crédito: Cláudio Gomes/Prefeitura de Afogados da Ingazeira

A grande visitação fez a prefeitura disciplinar as visitas. “Uma multidão de três mil pessoas veio no último domingo [dia 15 de abril]. É uma loucura para controlar, é gente demais de todo lugar. Virou novamente um cartão postal da região”, comemorou o chefe do Executivo municipal. 

Segundo o morador da cidade Tito Barbosa, Brotas estava praticamente vazia e chegou a secar completamente em 2017. “Realizaram até um trabalho de desassoreamento na barragem quando secou”, afirmou. “O local se tornou um cartão postal. Inclusive pessoas de outras cidades do Agreste e do Pajeú vêm para visitar a barragem”, completou.

O Conselho Tutelar acompanha as crianças e orienta os pais que visitam Brotas. “Existe uma área que é totalmente proibida para o banho. Colocamos ainda marcos de alerta para perigo absoluto de inundação nas margens do rio para que a população possa acompanhar a vazão do rio”, pontuou José Patriota, que afirmou participar de três reuniões de monitoramento diariamente.

Escolas da região foram cadastradas para servir como pontos de abrigo para as famílias caso a situação saia do controle. A Defesa Civil da cidade lançou um número específico para atendimento. Através do (87) 9.9629.5758 os moradores poderão acionar o órgão para situações de emergência.

   Maiores chuvas em dez anos

Segundo dados da meteorologia da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), nos primeiros 16 dias de abril deste ano foram registrados 258 milímetros de chuvas em Afogados da Ingazeira, o equivalente a 212% da média histórica para o mês, de 121,8 milímetros. Este já é o mês com maiores índices de precipitação dos últimos dez anos quando a cidade registrou 426 milímetros em março de 2008.

Em março deste ano, o volume foi de 181 milímetros e em fevereiro, de 216 milímetros. O acumulado anual de precipitação na cidade é de 759,4 milímetros até 16 de abril. No mesmo período do ano passado, o total foi de 374 milímetros. As chuvas de 2018 já superam as registradas nos 12 meses de 2017, quando foram contabilizados 644,5 milímetros

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