Dom, 07 de Dezembro

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Argentina

"Se não fosse pelo Mercosul, já estaríamos trabalhando em um acordo com os EUA", afirma Milei

Em seu discurso na CPAC, o presidente argentino voltou a insistir na formação ''de uma aliança de nações livres''

presidente argentino Javier Milei chega para discursar durante a Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) anual em Maryland presidente argentino Javier Milei chega para discursar durante a Conferência Política de Ação Conservadora (CPAC) anual em Maryland  - Foto: Alex Wroblewski/AFP

O presidente Javier Milei voltou a insistir na '' formação de uma aliança de nações livres'', durante discurso na CPAC, a conferência conservadora na qual já se apresentou em várias ocasiões e que, nesta edição, acontece em Washington, Estados Unidos.

— Por isso, quero aproveitar para anunciar que a Argentina deseja ser o primeiro país do mundo a aderir a esse acordo recíproco que a administração Trump propõe em matéria comercial. Na verdade, se não estivéssemos restritos pelo Mercosul, a Argentina já estaria trabalhando em um acordo de livre comércio com os Estados Unidos — afirmou, em oposição ao bloco regional.

O presidente dos EUA, Donald Trump, também fará parte do evento.

A Casa Rosada busca pelo menos garantir uma foto, que possa dar um impulso ao líder libertário em meio à sua pior semana desde que assumiu o governo, marcada pelo escândalo envolvendo a promoção da criptomoeda $LIBRA.

Por outro lado, Milei atacou mais uma vez o Estado: falou sobre a necessidade de reduzi-lo, chamou-o de “um câncer metastático” e também criticou a esquerda, acusando-a de se opor ao seu governo porque está perdendo privilégios.

Nesse contexto, comparou-se ao republicano à frente da Casa Branca e disse, sobre seus críticos:

— Dizem que Trump e eu somos um perigo para a democracia.

Logo em seguida, ressaltou que, se são um perigo, é para os setores da esquerda.

— Dizem que Trump e eu somos um perigo para a democracia, mas, na verdade, o que querem dizer é que somos um perigo para eles. Somos um perigo para o partido do Estado, para aqueles que vivem de sua expansão ilimitada. Somos seu pior pesadelo. Viemos atrás de seus privilégios, tendo sido eleitos pela maioria de nossos povos com um mandato claro: tirar deles um poder que não lhes pertence — afirmou, em tom crítico aos políticos e com elogios ao ex-presidente americano.

Além disso, o presidente argentino afirmou que “a era do Estado onipresente chegou ao fim”, assim como o “modelo coletivista”. Nessa linha, declarou que “uma nova era do liberalismo está nascendo”, travando “uma batalha crucial para o futuro da humanidade”.

'Rug Pull': Como funciona suposto esquema de fraude de criptomoeda promovido por Milei na Argentina

Em outro momento, atacou a classe política “que extrai recursos dos cidadãos por meio de impostos”, os “meios de comunicação de tradição oligárquica sindical”, os “empresários prebendários burocratas” e as “organizações não governamentais, acadêmicas e supranacionais”; segundo ele, todos fazem parte de uma “seita do coletivismo mundial”.

Por outro lado, MIlei elogiou Trump e se comparou a ele:

— Ele é um outsider, assim como eu. A tarefa que temos pela frente não é para políticos tradicionais que viveram toda a vida dentro do sistema, mas para pessoas que não devem nada a ninguém e sabem que a mudança é mais importante do que o poder pelo poder. No establishment de nossas duas nações, existia uma mentalidade explícita de que o avanço do Estado era o avanço da democracia, que cada conquista representava um avanço social, que o papel do Estado era nos levar a algo igualitário com novos direitos financiados pelos pagadores de impostos.

E afirmou que “o único caminho racional é reduzir o Estado” e que isso é “um ato de justiça”.

— Tudo deve ser retirado da sua órbita, ou, mais cedo ou mais tarde, voltará a usurpar o que não lhe pertence — declarou.

Em seguida, Milei acrescentou:

— A classe política se dedica a perpetuar os problemas para viver deles para sempre. Por isso, estão sempre criando novos problemas, instalando-os por meio de seus aparatos de propaganda para depois se oferecerem como solução. E em que consiste essa solução? Na implementação de regulações que geram ainda mais problemas, os quais serão resolvidos com mais regulações.

E ressaltou:

— Aqueles de nós que querem desmantelar esse sistema insano são chamados de antidemocráticos. Mas, mais uma vez, isso é uma deturpação das palavras – algo típico da esquerda, para variar. Eles não chamam democracia de governo do povo, mas sim de um paradigma de expansão total e ilimitada do Estado, que eles mesmos administram. Para eles, a democracia só existe se vencerem aqueles que desejam, para que possam subjugar as pessoas com seus caprichos. Mas, quando eles são a minoria eleitoral, a maioria passa a ser autoritarismo.

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