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Sul da Europa é consumido por incêndios e onda de calor

Há milhares de pessoas desalojadas de suas casas pela ameaça do fogo

Moradores tentam combater um incêndio florestal na vila de Santa Baia de Montes, na província de Ourense, noroeste da Espanha, em 14 de agosto de 2025.Moradores tentam combater um incêndio florestal na vila de Santa Baia de Montes, na província de Ourense, noroeste da Espanha, em 14 de agosto de 2025. - Foto: Miguel Riopa / AFP

O sul da Europa prossegue com o seu verão infernal nesta quinta-feira (14) e sofre com uma onda de calor que já dura quase duas semanas, incluindo incêndios florestais que provocaram a terceira morte na Espanha.

"Estamos novamente impactados com a morte de um segundo voluntário, que perdeu a vida na província de León", lamentou o presidente de Governo espanhol, Pedro Sánchez, um dia após Madri solicitar a ajuda da União Europeia para combater os incêndios.

O homem falecido tinha 36 anos e morreu em consequência de queimaduras sofridas quando acompanhava outro voluntário de 35 anos, que morreu na terça-feira. A terceira morte foi a de um romeno que trabalhava em uma hípica ao norte de Madri.

Também há milhares de pessoas desalojadas de suas casas pela ameaça do fogo.

O ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, explicou, na televisão pública TVE, que há 11 incêndios de nível 2 na Espanha (de uma escala que vai até 4), e que são os mais preocupantes.

Alguns podem ser intencionais ou provocados por negligência e, com as novas prisões anunciadas pela Guarda Civil nesta quinta-feira, já há mais de 30 presos por esse crime desde o início do verão.

Em poucos dias, mais de 70.000 hectares pegaram fogo na Espanha, segundo a soma de dados do EFFIS e das autoridades regionais, um número superior aos 42.000 que pegaram fogo em 2024 inteiro, segundo o EFFIS.

De acordo com esse órgão europeu, ao longo do ano de 2025, 157.000 hectares já pegaram fogo, ainda longe dos 307.000 incendiados em 2022, o pior em décadas.

Antonio Jordán Lopez, especialista em incêndios da Universidade de Sevilha, explicou que o tipo de incêndio que a Espanha enfrenta agora é de sexta geração, "tão intenso, rápido e imprevisível que parece ter vida própria, capaz de modificar o clima ao seu redor e saltar quilômetros em pouco tempo".

Os dois aviões contra incêndios solicitados na noite de quarta-feira pela Espanha à União Europeia já chegaram, emprestados pela França.

Triângulo de fogo 
Na linha de frente do aquecimento global na Europa, a Espanha está acostumada a temperaturas extremas, mas há alguns anos enfrenta uma multiplicação e intensificação das ondas de calor.

Além de Castilla y León, a Galícia (noroeste), a Comunidade Valenciana (leste) e Extremadura (oeste) são motivo de grande preocupação, formando um triângulo de fogo em todo o país

Em Portugal, aeronaves foram mobilizadas para combater quatro grandes incêndios florestais no norte e centro do país.

No centro, o foco de Arganil conta com mais de 800 bombeiros, enquanto o incêndio de Trancoso, que arde desde sábado, ainda avança nesta quinta-feira.

Melhora na Grécia 
Na Grécia, onde 20.000 hectares queimaram desde o início do verão, os bombeiros conseguiram conter o fogo que ameaça Patras, o principal porto grego de ligação com a Itália e a terceira maior cidade do país.

Há focos "isolados", embora o fogo "permaneça ativo" nos subúrbios ao leste desta cidade com mais de 200.000 habitantes, segundo os bombeiros.

Em outras partes do país, aviões-tanque lutavam em três outras frentes: a ilha de Zakynthos (Mar Jônico) e a cidade de Preveza, ambas ao oeste, e a ilha de Chios (Mar Egeu), ao leste.

Nos Bálcãs, os incêndios mataram pelo menos duas pessoas e provocaram a retirada de milhares de moradores.

O calor escaldante continua assolando a Itália, que saiu relativamente ilesa dos incêndios; 16 cidades, incluindo Roma e Veneza, estão em alerta vermelho devido às temperaturas elevadas.

Os incêndios também atingem o norte da Europa, Inglaterra e a região de North Yorkshire, onde os bombeiros combatiam um foco que se espalhou por cerca de 5 km2.

"É provável que permaneçamos neste local por algum tempo", previram os bombeiros em um comunicado.

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