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Dia Mundial da Superdotação

Superdotados: 5,2 mil brasileiros têm altas habilidades; entenda a condição de Whindersson Nunes

Levando em consideração as matrículas na educação inclusiva, o Censo Escolar aponta um número ainda mais alto: 38.019 jovens no país

Whindersson Nunes tem superdotaçãoWhindersson Nunes tem superdotação - Foto: Divulgação

Neste domingo, dia 10, é celebrado o Dia Mundial da Superdotação. A condição, chamada oficialmente de Altas Habilidades/Superdotação, repercutiu recentemente após o influenciador e humorista Whindersson Nunes e a atriz Fabiana Karla a terem descoberto com testes neuropsicológicos feitos já quando adultos.

De acordo com a Associação Mensa Brasil, que reúne os indivíduos com QI acima de 98% da população em geral no país, há hoje pelo menos 5,2 mil brasileiros identificados com altas habilidades, incluindo 2 mil crianças e adolescentes e 3,2 mil adultos. Levando em consideração as matrículas na educação inclusiva, porém, o Censo Escolar 2023 aponta um número mais alto: 38.019.

— A OMS prevê de 2% a 5% com altas habilidades, mas temos menos de 0,5% identificados no país pelos dados do último Censo. Então o país também perde, porque são pessoas que poderiam contribuir muito para a sociedade. Apesar de não ser um grupo homogêneo, elas têm um pensamento crítico, senso de justiça, muito elevado — explica a coordenadora da Área Psicossocial do Instituto Apontar, que atende mais de 800 crianças e jovens com altas habilidades no Rio de Janeiro, Andreza Viana.

A condição vai muito além de uma “superinteligência”. As pessoas com altas habilidades se manifestam de formas variadas. Segundo o Ministério da Educação (MEC), por exemplo, alunos superdotados apresentam potencial elevado, de forma isolada ou combinada, em uma das seguintes áreas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes. Por isso, utilizar apenas o teste de QI não é recomendado, explica Andreza:

— O teste de QI ainda é uma base de avaliação relevante, temos vários tipos. Só que esse resultado isolado não pode dizer que a pessoa automaticamente tem altas habilidades. Porque não é um público homogêneo, é preciso a avaliação multidisciplinar que envolve diferentes testes e análise de comportamento, histórico, contexto educacional, vários fatores.

Além disso, o termo não diz respeito a uma doença ou um transtorno, mas sim a uma condição do neurodesenvolvimento. Outra característica marcante dessas pessoas é um engajamento muito forte naquilo que as interessa, complementa Andreza:

— Geralmente, são pessoas com o desenvolvimento assincrônico. Então a idade biológica vai ser uma, a cognitiva outra, e o desenvolvimento emocional outro. Isso vai trazer muitas situações desafiadoras. O aluno chega numa classe que não encontra pares com os mesmos interesses, com a mesma profundidade de conhecimento. Isso pode levar a isolamento, ansiedade, sintomas de depressão, sensação de não pertencimento. Mas, se tivermos uma estrutura escolar voltada para essa adaptação, vamos conseguir que esse aluno atinja o seu potencial e não tenha esses riscos.

Por isso, a pessoa identificada como superdotada ou com altas habilidades faz parte da educação inclusiva, que busca garantir as condições necessárias para o desenvolvimento adequado daquele aluno. Porém, devido ao desconhecimento e à dificuldade de acesso a especialistas, a coordenadora do Apontar conta que identificar o quadro ainda é um desafio no Brasil, especialmente entre indivíduos de baixa renda:

— Tivemos uma evolução nos últimos anos, é uma condição que esteve mais presente no debate público, principalmente com as redes sociais. A identificação desses famosos também joga luz nesse tema, que para nós é fundamental. Mas, ao mesmo tempo, há também uma busca muito grande por nomear o que é desconhecido, e às vezes isso acaba antecipando incorretamente um diagnóstico, uma condição. Então é preciso que as pessoas não fiquem ansiosas em busca de uma definição rápida.

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