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DIPLOMACIA

Tailândia anuncia que Camboja aceitou negociar sobre conflito na fronteira

Novos confrontos entre os dois países, iniciados este mês, deixaram pelo menos 43 mortos

Tailândia anuncia que Camboja aceitou negociar sobre conflito na fronteiraTailândia anuncia que Camboja aceitou negociar sobre conflito na fronteira - Foto: Mohd Rasfan / AFP

O chanceler da Tailândia afirmou nesta segunda-feira (22) que o Camboja aceitou iniciar negociações sobre a disputa na fronteira ainda esta semana, após uma reunião regional celebrada na Malásia com o objetivo de acabar  com os confrontos violentos entre os vizinhos do Sudeste Asiático.

Novos confrontos entre os dois países, iniciados este mês, deixaram pelo menos 23 mortos na Tailândia e 20 no Camboja. Além disso, mais de 900.000 pessoas foram deslocadas dos dois lados, segundo as autoridades.

O conflito tem origem em uma antiga disputa sobre a demarcação da fronteira de 800 km, estabelecida no período colonial, assim como em uma série de templos antigos situados ao longo da zona limítrofe.

O ministro das Relações Exteriores da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, anunciou a nova rodada de negociações bilaterais ao final de uma reunião com seus homólogos da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), da qual o Camboja também é membro.

Ele disse aos jornalistas em Kuala Lumpur que "a discussão acontecerá no âmbito do JBC, o Comitê Conjunto de Fronteiras, que já existe", na quarta-feira (24), data "proposta pela parte cambojana".

O Camboja não comentou o anúncio, mas o Ministério da Defesa do país denunciou mais cedo que os combates prosseguiam nesta segunda-feira e acusou a Tailândia de lançar projéteis de artilharia. Um civil de nacionalidade chinesa ficou ferido, segundo a pasta do Interior cambojana.

No atual contexto, Sihasak advertiu que a reunião desta semana pode não resultar em uma trégua imediata. "Nossa posição é que um cessar-fogo não se consegue com um anúncio, e sim com ações", afirmou.

O encontro desta segunda-feira foi convocado pela Malásia, que preside a Asean e que, no fim de outubro, recebeu uma reunião de cúpula na qual foi assinada uma declaração de trégua sob mediação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Sihasak, no entanto, considerou que a decisão de outubro foi precipitada. "Os Estados Unidos queriam que a declaração fosse assinada a tempo para a visita do presidente Trump. Às vezes, realmente precisamos sentar e discutir as coisas para que o que acordarmos se mantenha e seja, de fato, respeitado".

A declaração supervisionada por Trump tinha por objetivo prolongar a frágil trégua alcançada após cinco dias de confrontos em julho.

Cada lado culpou o outro de instigar os novos confrontos, alegando legítima defesa e com acusações de ataques contra civis.

Ao abrir o encontro da Asean nesta segunda-feira, o chanceler da Malásia, Mohamad Hasan, pediu aos países vizinhos em conflito que interrompam os combates e "considerem as ramificações mais amplas da escalada contínua da situação nas populações" que representam.

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