Texas tem surto de sarampo em meio a queda da vacinação nos EUA
A grande maioria dos pacientes são crianças que não estavam vacinadas
Um surto crescente de sarampo no estado americano do Texas infectou 48 pessoas, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (14), um sinal de que a doença infantil, controlada há décadas, retorna à medida que as taxas de vacinação diminuem.
O surto ocorre no momento em que Robert F. Kennedy Jr. acaba de ser confirmado como secretário de Saúde dos Estados Unidos. Para ele, as vacinas contra o sarampo, a caxumba e a rubéola estão ligadas ao autismo.
A grande maioria dos pacientes são crianças que não estavam vacinadas, ou cujo status de vacinação era desconhecido. Treze delas foram internadas.
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As taxas de vacinação infantil diminuem nos Estados Unidos, uma tendência que acelerou durante a pandemia de covid-19, quando as preocupações em torno do desenvolvimento rápido de algumas vacinas, somadas à desinformação, reduziram ainda mais a confiança nas instituições de saúde pública.
Campo maior para o sarampo
"Existem áreas nos Estados Unidos que são suscetíveis, e não me surpreende que isso ocorra no condado que tem as menores taxas de vacinação do estado", disse à AFP o pesquisador principal da Universidade Johns Hopkins, Amesh Adalja.
A maior parte dos casos ocorreu no condado de Gaines, que tem uma taxa alta de isenções de vacinas, muitas vezes concedidas por motivos religiosos. Em nível nacional, a cobertura de vacinação entre crianças do jardim de infância caiu abaixo de 93% no ano letivo de 2023-24, permanecendo abaixo da meta federal, de 95%, pelo quarto ano consecutivo, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Os Estados Unidos relataram 285 casos de sarampo no ano passado. O pior surto recente ocorreu em 2019, quando 1.274 casos, em grande parte concentrados nas comunidades judaicas ortodoxas de Nova York e Nova Jersey, resultaram no maior total nacional em décadas.
O sarampo é uma das principais causas de morte no mundo. "É realmente espantoso que as pessoas nos Estados Unidos tenham decidido não se vacinar", disse Adalja. "Quando você tem o principal propagandista do movimento antivacinas na posição mais alta do poder governamental no que diz respeito à saúde, o único que se beneficia disso é o sarampo."

