Sáb, 06 de Dezembro

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Animais

TOC, depressão e ansiedade: cães e gatos têm doenças 'humanas' e tomam medicação psiquiátrica; veja

Veterinária recomenda diagnóstico etológico e comportamental completo dos animais de estimação antes de administrar medicamento para melhorar comportamento

Gato em caixa de papelãoGato em caixa de papelão - Foto: Arina Krasnikova / Pexels

Há um fenômeno que vem ganhando força em países como Estados Unidos, Espanha e Cingapura: o uso de medicamentos psiquiátricos em cães e gatos.

Com o avanço da medicina veterinária, animais de companhia estão sendo diagnosticados com condições que antes eram consideradas exclusivas dos humanos, como ansiedade, depressão e até mesmo comportamentos obsessivo-compulsivos.

De acordo com o veterinário Nicholas Dodman, professor emérito da Universidade Tufts, “esses não são simplesmente animais de estimação desobedientes ou mal-educados, mas condições clínicas reais em que a química cerebral do animal é alterada e requer intervenção para superar condições emocionais”.

No entanto, como Dodman também menciona, "não se trata de automedicar animais de estimação quando eles latem constantemente", mas sim considerá-los como alternativas quando outros recursos se esgotarem.

A etóloga veterinária Andrea Torres explica que "vale a pena realizar um diagnóstico etológico e comportamental completo dos animais de estimação antes de administrar qualquer medicamento para ajudar a melhorar certos comportamentos".

"Embora os medicamentos usados sejam seguros, os animais de estimação nunca devem se automedicar com esses ou qualquer produto veterinário, não importa o quão seguro eles pareçam ou quão facilmente disponíveis sejam", acrescenta.

Em que casos o uso da medicina psiquiátrica é aplicável aos animais?

Existem diferentes condições em animais de estimação que podem exigir medicamentos psiquiátricos.

Na verdade, já existem, inclusive, alguns medicamentos para uso veterinário. Entretanto, a evolução desses tipos de terapias ainda não é comparável aos avanços da medicina humana, por isso já foram realizados experimentos com medicamentos de uso humano.

As condições mais comuns em animais de estimação são:

Transtornos obsessivo-compulsivos (TOC): refere-se a comportamentos repetitivos que não têm um propósito definido, que não podem ser controlados e que afetam a qualidade de vida e o bem-estar dos animais de estimação.

Comportamentos como perseguir o rabo, latir constantemente, lamber o ar ou beber água compulsivamente podem ser sinais.

Ansiedade de separação: é observada principalmente em animais de estimação que sentem ansiedade, estresse e pânico quando ficam sozinhos em casa. Como resultado dessa condição, o animal vocaliza excessivamente, destrói objetos ou se automutila.

Medos extremos: eles ocorrem em resposta a estímulos como fogos de artifício, tempestades, visitas ao veterinário, entre outros.

Embora a grande maioria dos veterinários concorde que as vantagens do uso desses tipos de medicamentos superam as desvantagens ou riscos, também concordam que eles devem ser usados com responsabilidade e informação.

Por esse motivo, os especialistas recomendam procurar aconselhamento veterinário e uma consulta etológica oportuna para estabelecer um diagnóstico e um plano de tratamento adequados, recorrendo a esse tipo de medicamento como último recurso.

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