Seg, 08 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
EUA

Trump afirma que abriu 'negociações diretas' com o Irã, após Teerã chamar diálogo de 'sem sentido'

Ao lado do premier israelense Benjamin Netanyahu, Trump disse que haverá uma reunião no próximo sábado 'quase ao mais alto nível'

Netanyahu e TrumpNetanyahu e Trump - Foto: Saul Loeb/AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira que seu governo iniciou "negociações diretas" com o Irã, possivelmente envolvendo o programa nuclear do país, e revelou que um encontro "quase ao mais alto nível" acontecerá no sábado entre os dois lados. O líder americano, que em 2018 rasgou um acordo internacional sobre o programa nuclear e instituiu uma política de sanções conhecida como "pressão máxima", tem pressionado por um diálogo direto com Teerã, que até agora exige conversas indiretas com Washington.

Ao lado do premier de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump confirmou que foi aberto um canal de diálogo direto entre os dois países, sem detalhar quando foram iniciadas as conversas, tampouco em qual formato elas estão sendo realizadas. Contudo, o presidente disse que haverá uma reunião no sábado, "quase ao mais alto nível".

— Temos uma reunião muito importante no sábado e negociaremos com eles diretamente — declarou o republicano aos jornalistas no Salão Oval. — Talvez cheguemos a um acordo, isso seria fantástico. Nos reuniremos no sábado em um encontro muito importante, quase ao mais alto nível.

Teerã não se pronunciou.

Desde 2015, quando foi firmado o acordo internacional sobre o programa nuclear (rasgado por Trump em 2018), representantes dos governos dos EUA e do Irã não se sentam na mesma sala — durante o governo de Joe Biden, uma fracassada tentativa de reavivar o acordo, que estipulava limites às atividades nucleares iranianas em troca do alívio de sanções, foi realizada de maneira indireta.

No mês passado, Trump enviou uma carta ao líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, sugerindo as negociações diretas para um novo acordo nuclear, que tem como objetivo principal evitar a militarização do programa nuclear de Teerã — os iranianos negam ter intenções de construir uma bomba atômica, apesar do tema circular abertamente dentro e fora do governo. Na semana passada, Trump elevou o tom, dizendo que se não houver um novo acordo poderia bombardear o Irã.

Ao menos publicamente, a pressão trumpista teve o efeito contrário. No sábado, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que "se [Trump] quer negociar, de que serve ameaçar?", e o chanceler, Abbas Araghchi, no domingo rejeitou publicamente as conversas diretas neste momento — a proposta dos iranianos é realizar negociações iniciais tendo como intermediário o governo de Omã.

— As negociações diretas não fariam sentido com uma parte que constantemente ameaça usar a força, e cujos diferentes representantes expressam posições contraditórias — afirmou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, acrescentando que, ainda assim, o país não está fechado ao diálogo. — Mas continuamos comprometidos com a diplomacia e estamos prontos para tentar o caminho das negociações indiretas.

Veja também

Newsletter