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Guerra

Trump insiste em controle de Gaza e enfrenta oposição da Jordânia

Trump surpreendeu o mundo ao anunciar na semana passada uma proposta para que os Estados Unidos assumam "o controle" da Faixa de Gaza

Donald Trump, presidente dos Estados UnidosDonald Trump, presidente dos Estados Unidos - Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP

O presidente americano, Donald Trump, insistiu nesta terça-feira (11) em sua ideia de deslocar os palestinos e colocar a Faixa de Gaza sob "a autoridade americana", mas o rei da Jordânia, Abdullah II, expressou sua oposição.

"Ressaltei que meu compromisso principal é com a Jordânia, com a sua estabilidade e com o bem-estar dos jordanianos", publicou Abdullah nas redes sociais, após se reunir com Trump na Casa Branca. O monarca disse a Trump que o Egito vai apresentar um plano sobre como os países da região poderiam "trabalhar" com o presidente americano, e que os países árabes vão discuti-lo em Riade.

"Acredito que uma das coisas que podemos fazer imediatamente é levar 2 mil crianças, crianças com câncer que estão em estado muito grave, isso é possível", ofereceu Abdullah a Trump.

Trump classificou a iniciativa como um "gesto bonito" e disse que não estava ciente dela antes da chegada do monarca jordaniano e de seu filho, o príncipe Hussein, à Casa Branca.

O presidente republicano pareceu recuar em sua sugestão de reter a ajuda à Jordânia e ao Egito caso eles se recusassem a receber mais de 2 milhões de palestinos de Gaza, mas insistiu em seu plano de colocar a Faixa de Gaza sob "a autoridade americana".

'Não temos que comprar' 
"Não temos que comprar. Vamos ter a Faixa de Gaza", afirmou Trump. "Vamos tomá-la, mantê-la, valorizá-la."

O presidente americano, que fez fortuna como magnata do mercado imobiliário, negou que queira desenvolver pessoalmente propriedades no território palestino: "Não, tive uma grande carreira no setor imobiliário."

Trump surpreendeu o mundo ao anunciar na semana passada uma proposta para que os Estados Unidos assumam "o controle" da Faixa de Gaza, a fim de reconstruir aquele território, devastado pela guerra.

Segundo ele, trata-se de realocar os palestinos em outros lugares, sem um plano para seu retorno, e transformar o território em "uma Riviera do Oriente Médio".

'Pose de durão' 
O cessar-fogo na Faixa de Gaza parece cada vez mais frágil, depois que Trump advertiu ontem que as portas "do inferno" serão abertas caso o Hamas não liberte todos os reféns até o meio-dia de sábado.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou nesta terça-feira que Israel retomaria "combates intensos" em Gaza se o Hamas não cumprir o prazo.

Trump disse duvidar que o grupo islamista palestino atenda à exigência. "Pessoalmente, não acredito que vão cumprir o prazo", afirmou. "Acho que querem fazer pose de durões, mas veremos se realmente são durões", comentou.

No entanto, minimizou o impacto desse cenário na possibilidade de estabelecer uma paz duradoura entre Israel e o Hamas. "Não vai demorar muito quando você conhece os valentões", acrescentou.

O rei jordaniano e o príncipe-herdeiro se reuniram antes com o assessor de segurança nacional de Trump, Mike Waltz.

A visita de Abdullah II, um aliado-chave dos Estados Unidos, precede a do presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, que deve viajar a Washington nesta semana.

Analistas apontam um problema existencial, principalmente para a Jordânia. Metade da população do reino hachemita, de 11 milhões de pessoas, é de origem palestina, e desde a criação de Israel, em 1948, muitos palestinos buscaram refúgio em território jordaniano.

Em 1970, no episódio conhecido como "Setembro Negro", eclodiram confrontos entre o exército jordaniano e grupos palestinos liderados pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que acabaram sendo expulsos.

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