Qui, 25 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
REMÉDIOS

Tylenol e paracetamol têm o maior crescimento em buscas Google no Brasil na última semana: até 270%

Pesquisas dispararam após governo americano ligar remédio a um maior risco de autismo, mesmo sem comprovação científica

Paracetamol Paracetamol  - Foto: Divulgação/Pexels

Após o presidente americano Donald Trump ter defendido que o paracetamol aumenta o risco de autismo, na última segunda-feira, as buscas pelo medicamento, também conhecido pelo nome comercial tylenol, dispararam no Google.

Segundo um levantamento do Google Daily trends, tylenol e paracetamol são os termos que mais cresceram nas pesquisas da plataforma na área de saúde nos últimos sete dias, com mais de 50 mil e 10 mil buscas, respectivamente.

Os dados mostram que a procura começou a crescer na segunda-feira à noite, quando o governo americano anunciou a recomendação de que mulheres grávidas evitem o remédio pelo suposto aumento no risco.

O anúncio foi recebido com críticas, e entidades como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia reafirmaram que não existe comprovação sobre a relação. No Brasil, o Ministério da Saúde e a Anvisa reforçaram que o paracetamol é seguro.

Desde a segunda-feira, as buscas relacionadas ao tylenol subiram 270% no Brasil, e ao paracetamol, 80%. Os termos superaram inclusive o interesse por outros analgésicos mais usados no país, como dipirona e ibuprofeno. As consultas sobre autismo também cresceram, 50%.

As dúvidas mais comuns foram se “tylenol é paracetamol?” e “paracetamol serve para quê?”. Sim, o tylenol é um dos nomes comerciais do paracetamol, logo são a mesma substância. O medicamento é usado como analgésico (para dor) e antipirético (para febre).

Entre as principais dúvidas dos usuários brasileiros no Google estavam também se “tylenol causa autismo?” e “paracetamol causa autismo?”. A investigação sobre uma possível associação entre o remédio e o diagnóstico não é nova, mas os estudos têm encontrado resultados diferentes.

O maior já feito sobre o tema, porém, descartou a relação após analisar informações de 2,4 milhões de crianças nascidas na Suécia entre 1995 e 2019. Os cientistas compararam irmãos, em que um foi exposto ao medicamento e o outro não, e não encontraram uma diferença na incidência de autismo.

O estudo foi publicado na revista JAMA. Os pesquisadores explicaram que o método de avaliar irmãos foi importante para evitar fatores que podem distorcer os resultados, como a genética e os hábitos da mãe.

Além disso, a OMS emitiu um comunicado após o anúncio do governo americano reforçando que “atualmente não há evidências científicas conclusivas que confirmem uma possível relação entre o autismo e o uso de paracetamol durante a gravidez”.

“Pesquisas extensas foram realizadas na última década, incluindo estudos em larga escala, investigando possíveis relações entre o uso de paracetamol durante a gravidez e o autismo. Até o momento, nenhuma associação consistente foi estabelecida”, continua.

Veja também

Newsletter