Dom, 07 de Dezembro

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HOSTILIDADE

Ucranianos se preparam para a próxima guerra contra a Rússia

Segundo diretora de ONG, a Rússia não vai parar devido a um acordo

Primeiro míssil russo intercontinental contra UcrâniaPrimeiro míssil russo intercontinental contra Ucrânia - Foto: Serviço de Emergência da Ucrânia/divulgação/AFP

A invasão da Ucrânia pela Rússia continua, mas Vladislav Chumachenko, um assistente médico na linha de frente, já antecipa a próxima guerra.

"Para nós é óbvio que não estaremos felizes com nenhum resultado destas negociações", disse o homem de 39 anos que acredita que se as negociações entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o seu contraparte russo, Vladimir Putin, levarem ao fim dos confrontos, os termos serão inaceitáveis para a Ucrânia.
 

Isto seria especialmente certo se a Ucrânia fosse forçada a ceder territórios à Rússia, uma possibilidade real, dada a recente retórica pró-Kremlin de Trump.

"A única coisa que podemos fazer é continuar nosso trabalho e nos prepararmos para o próximo estágio do conflito", insistiu.

Sua esposa, Anastasia Chumachenko, que dirige com ele a ONG Tactical Medicine NORTH, diz que a Rússia não vai parar devido a um acordo.

"Eles tentarão atacar novamente, temos que estar preparados", disse ela.

Vladislav sabe que não poderá influenciar a próxima "ideia maluca" que Putin ou Trump possam ter sobre a Ucrânia, mas pode se preparar.

Ele e sua esposa aconselharam seus voluntários a ficarem atentos com a possibilidade de um acordo.

Depois de três anos de uma guerra brutal, dois deles decidiram parar, mas os outros decidiram se preparar para "a próxima fase do conflito", de acordo com Vladislav.


Questão de tempo
A ONG também forneceu treinamento médico aos soldados, o que deverá continuar mesmo com o fim das hostilidades, afirmou o diretor da ONG.

"A história ensina que, em nossa parte do mundo, nenhuma pausa é permanente", afirmou.

O assistente médico diz que alguns soldados ucranianos querem retomar a vida civil, mas outros não querem voltar para casa para "colher batatas".

Antes da invasão russa em fevereiro de 2022, o casal administrava uma academia de escalada e cuidava de sua filha de 9 anos. A menina agora vive com os avós e eles a veem apenas alguns dias por mês.

Anastasia considera "importante" que a filha permaneça na Ucrânia e aprenda a entender a guerra, que pode voltar durante a sua vida. "Com certeza isso acontecerá, é só uma questão de tempo", diz a mãe.

Oleksandr, comandante de uma unidade de assalto na 93ª brigada, permanecerá disponível para combates.

Ele e outros soldados levantam pesos para passar o tempo. "Aqui estou em meu elemento", disse ele à AFP, referindo-se à sua vida militar no front.

O comandante conta que permanecerá no leste da Ucrânia para estar "pronto", caso os confronto retornem após um acordo de paz.

"Fomos enganados uma vez, mas não permitiremos uma segunda vez", argumentou, referindo-se aos oito anos entre o conflito iniciado em 2014 por separatistas pró-russos e a invasão russa em 2022.

Alguns soldados perderam suas casas, suas famílias e não têm mais nada a perder, disse. "Eles irão até o fim e eu os apoio. E talvez eu mesmo venha a ser um deles, quem sabe?", concluiu.

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