Unesco alerta para escassez mundial de professores
Em um relatório anterior, a Organização havia alertado que até 2030 haveria um déficit de 44 milhões de professores no ensino primário e secundário
A Unesco alertou nesta quinta-feira (26) para uma "crise sem precedentes" devido à escassez de professores em todo o mundo, como consequência dos baixos salários, da violência e do aumento de estudantes.
Durante uma Cúpula Mundial de Professores que foi inaugurada em Santiago do Chile, a chefe da organização, a francesa Audrey Azoulay, destacou que "a taxa de abandono da profissão docente duplicou ao longo" dos últimos sete anos.
Em um relatório anterior, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) havia alertado que até 2030 haveria um déficit de 44 milhões de professores no ensino primário e secundário.
Segundo Azoulay, para cobrir os salários desses 44 milhões de docentes são necessários "120 bilhões de dólares" (649,3 bilhões de reais).
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Entre as causas da desistência do magistério estão os baixos salários, o envelhecimento do corpo docente e o aumento massivo no número de alunos.
Além disso, "ao redor do mundo há ataques deliberados contra os professores que estão na linha de frente contra a violência, contra o terrorismo, porque representam os valores da sociedade", afirmou.
"Para enfrentar a falta de professores, precisamos transformar, mais do que a profissão em si (...), o reconhecimento que damos como sociedade à profissão; dignificar seu exercício", declarou o presidente do Chile, Gabriel Boric, na inauguração.
Azoulay, ex-ministra da Cultura da França, destacou a necessidade de agir rapidamente e de forma coordenada para responder a uma crise que afeta todas as regiões do mundo.
"Precisamos de mecanismos inovadores de financiamento, especialmente hoje, em que a persistência de conflitos no mundo nos leva a retirar recursos públicos que deveriam ser dedicados à educação", afirmou Azoulay.
A chefe da Unesco também denunciou que a mudança climática está afetando a aprendizagem dos alunos e "faz perder 1,5 ano de escolaridade", segundo ela.

