Vance sugere troca de territórios entre Rússia e Ucrânia, e volta a ameaçar saída dos EUA de esforço
Em viagem à Índia, vice de Trump mencionou proposta 'muito explícita' de Washingotn a Moscou e Kiev
O vice-presidente dos EUA, JD Vance, aumentou a pressão sobre Rússia e Ucrânia nesta quarta-feira para que encontrem uma solução para interromper o conflito no Leste Europeu, no momento em que novas conversações diplomáticas envolvendo aliados ocidentais são realizadas em Londres — em formato reduzido em comparação à previsão inicial.
Em viagem à Índia, Vance afirmou que Washington fez uma proposta "muito explícita" a Moscou e Kiev, que incluiria a necessidade de troca de territórios ocupados pelos inimigos, e retomou a ameaça feita por autoridades do primeiro escalão do governo, como o secretário de Estado, Marco Rubio, de que chegou a hora das partes concordarem com o acordo, ou os EUA abandonarão as negociações.
— Este é o momento, acredito, de dar, se não o passo final, um dos passos finais, que é, em um nível mais amplo, dizer que vamos parar com as mortes, que vamos congelar as linhas territoriais em algum nível próximo de onde elas estão hoje — afirmou o vice-presidente americano. — Agora, é claro, isso significa que ucranianos e russos terão que renunciar a uma parte do território que possuem atualmente.
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A declaração de Vance acontece um dia depois do jornal britânico Financial Times publicar a informação de que o presidente russo, Vladimir Putin, teria condicionado a interrupção da guerra na Ucrânia ao longo da atual linha de frente, se os EUA reconhecessem oficialmente a anexação da Crimeia, península ucraniana, além de outras exigências, como o compromisso de não adesão de Kiev à Otan. A proposta teria sido feita durante uma reunião em São Petersburgo com Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo fontes ouvidas pelo jornal.
As sinalizações no campo político aconteceram às vésperas de uma reunião convocada pelos aliados europeus em Londres, que acabou desidratando de última hora. A rodada de tratativas, continuação de uma mesa realizada em Paris na semana passada, reuniria os chefes das diplomacias dos principais países ocidentais, mas o governo do Reino Unido emitiu um comunicado de que o encontro principal foi "adiado", e que apenas "discussões entre assessores" estavam mantidas.
O governo dos EUA está sendo representado em Londres pelo enviado especial para a Ucrânia, o general Keith Kellogg, enquanto a França é representada por Emmanuel Bonne, conselheiro diplomático do presidente Emmanuel Macron. Andrii Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou que chegou a Londres com vários ministros e que a delegação segue comprometida em trabalhar pela paz, apesar da mudança.
"Chegamos a Londres junto com os ministros da Defesa, Rustem Umerov, e das Relações Exteriores, Andrii Sibiga. Apesar de tudo, trabalharemos pela paz", escreveu Yermak no Telegram.
Após uma breve trégua de Páscoa imposta por Putin, os ataques aéreos russos foram retomados na Ucrânia. O governador da região de Dnipro informou, nesta quarta-feira, que nove pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas em um ataque com drones contra um ônibus na cidade de Marganets, no sudeste da Ucrânia.

