[Vídeo] Funcionários da Cidade Alta param e cerca de 100 mil ficam sem ônibus
Os trabalhadores reclamam de problemas trabalhistas. Por conta do ato, 31 linhas estão sem circular no Recife e nos municípios de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana

Trabalhadores da empresa de ônibus Cidade Alta paralisaram as atividades na manhã desta terça-feira (7). Os funcionários reclamam de problemas trabalhistas como rodízio de escalas, pagamento por avarias e atraso nos salários. Por conta do ato, 31 linhas deixaram de circular no Recife e nos municípios de Olinda e Paulista, na Região Metropolitana. O ato foi organizado pela Associação Beneficente Independente dos Rodoviários de Pernambuco (Abirpe), entidade que faz oposição ao Sindicato dos Rodoviários do Recife e RMR (Sinttrepe).
Policiais do Grupo de Apoio Tático Itinerante (Gati) da Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) foram enviados ao local para dialogar com os manifestantes e tentar dispersar. Por volta das 9h20, os primeiros ônibus começaram a sair, mas a categoria não aceitou a proposta de diálogo e voltou a fechar a garagem. Apenas sete ônibus, entre eles um articulado, partiram para os terminais.
A empresa atende diariamente cerca de 100 mil passageiros em bairros como Rio Doce, Jardim Atlântico, Casa Caiada, Bairro Novo, Carmo, Varadouro, Janga, Pau Amarelo, Maria Farinha, Loteamento Conceição, Jardim Maranguape, Maranguape I, Maranguape II, Santo Amaro, Arthur Lundgren, Engenho Maranguape e Sítio dos Pintos.
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Os coletivos ficaram parados na sede da empresa, na avenida Nápoles, no bairro de Rio Doce, em Olinda, desde às 3h. A frota da empresa conta com 224 veículos, sendo 209 em operação e 15 reservas. A Cidade Alta tem aproximadamente 800 funcionários, entre motoristas, cobradores, coordenadores de terminal e supervisores.
Segundo o presidente da Abirpe, Roberto Carlos Torres, cerca de 500 trabalhadores aderiram à paralisação. Ele detalhou as reclamações. “Uma questão é o rodízio, que são as escalas que saem toda semana. Ao invés de seguir sequência em uma só linha, eles estão mudando diariamente essas escalas, causando transtorno no deslocamento do trabalhador, que não toma conhecimento de que mudou a escala e termina sendo punido indevidamente”, disse.
Roberto destacou ainda que os funcionários estão tendo desconto nos salários. "Por conta do pagamento da primeira parcela do décimo terceiro, existe um listão da empresa onde os motoristas estão sendo chamados e obrigados a pagar avarias, mesmo não tendo cometido", afirmou.
O motorista Wendel Silva reclamou da cobrança de avarias como empréstimo no contracheque e da falta de pagamento do salário. “Eles falaram que desde ontem às 19h o dinheiro já estava na conta e até agora não está. Tirei meu saldo e minha conta tem apenas nove reais. Assinei o contracheque, mas não foi depositado o dinheiro”, afirmou.
Outro lado
O Diretor Executivo da Cidade Alta, Almir Buonora, afirma que todas as alegações são inverídicas. Segundo ele, não existe salário atrasado. Ele também afirma que não existe cobrança ilegal de avarias. “Se por acaso houvesse alguma dessas alegações, o caminho correto seria uma discussão na DRT. De maneira nenhuma uma ação irresponsável de paralisar os ônibus prejudicando usuários de maneira ilegal”, diz o diretor, que caracteriza a ação como “meramente política”, por causa de uma eleição interna que Roberto Carlos Torres perdeu.
Almir também afirma que irá processar Roberto. "Quero que ele prove na justiça, fazer uma acusação desse porte a uma empresa idônea. Não reconheço esse sindicato paralelo e essas denúncias sem provas", disse. O gestor da Abirpe diz que tem contracheques: "Coletei também assinatura de 500 pessoas, que se mostram indignadas com a situação. Processo mata ninguém, não", posicionou-se Roberto.
Por meio de nota, o Grande Recife Consórcio de Transportes informou que foi surpreendido com a paralisação dos operadores da empresa Cidade Alta. "O órgão gestor reforça que o movimento é político, visto que não tem representatividade do sindicato da categoria. O Consórcio comunica, ainda, que está remanejando a frota de outras linhas para tentar minimizar o impacto da ação", informou o comunicado.
Passageiros prejudicados
O operador de telemarketing Lucas Barros foi um dos passageiros prejudicados pela paralisação. “Acordei cedo para ir ao trabalho como faço todos os dias. Cheguei às 5h40 e não tinha ônibus. Um passageiro chegou por volta das 6h e disse que estava acontecendo um protesto. Fiquei esperando até 6h30, fui ao terminal para perguntar se tinha previsão para a volta, mas não souberam informar”, afirmou. Lucas contou ainda que não tem outras opções de linhas para se deslocar até o trabalho.
