Zendesk Relate 2025: ex-primeira-ministra Jacinda Ardern fala em liderança honesta e empática
Líder da Nova Zelândia de 2017 a 2023, ela teve que lidar com três graves e tristes eventos
Las Vegas (EUA) - Ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern foi convidada ao Zendesk Relate 2025 para falar sobre liderança com propósito, em conversa conduzida pela vice-presidente sênior de marketing integrado da marca, Kady Dundas.
A conversa ocorreu nesta quinta-feira (27), no palco principal do evento, no Aria Resort & Cassino, em Las Vegas, em Nevada, Estados Unidos.
Líder do país na Oceania de 2017 a 2023, Jacinda enfrentou três graves e tristes eventos.
Em 2019, 50 pessoas morreram e outras dezenas ficaram feridas em ataques a duas mesquitas na cidade de Christchurch. O atirador, que, por opção do governo não teve a identidade revelada, transmitiu todo o atentado ao vivo no Facebook.
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No mesmo ano, a política precisou gerir o caos causado pela erupção do vulcão da Ilha Branca, que deixou 22 pessoas mortas, sendo turistas e maioria delas.
A progressista ainda teve que lidar, em 2020, como todo o resto do mundo, com a pandemia de Covid-19. A Nova Zelândia virou exemplo, no início da crise sanitária, no combate ao novo coronavírus e no cuidado com a população.
Três eventos extremos e uma líder. A conversa no Zendesk Relate foi para entender: quais os mecanismos que esta mulher, que chegou ao poder tão cedo, aos 37 anos, tornando-se a chefe de governo mais jovem do mundo, usou para gerir a Nova Zelândia? Como ela encara a liderança? E quais são os seus princípios quando se fala em gestão?
Entre outras coisas, ela falou sobre habilidade de um líder de dizer que não sabe de algo, e exemplificou o caso da pandemia de Covid-19, quando ninguém sabia o que fazer.
“Houve uma oportunidade de realmente ficar na frente das pessoas e dizer que não temos todas as respostas, mas temos um plano apesar das incógnitas. E realmente essa capacidade libertadora é um líder dizer eu não sei. Acho que por causa de sua honestidade. Então, acho que deveríamos estar dispostos a ser um pouco mais abertos a dizer eu não sei, mas nunca dizer isso sem ter esse plano de backup e preparação em vigor”, declarou.
Para além das possíveis faltas de respostas, Jacinda destacou a importância dos líderes políticos estarem perto dos acontecimentos, principalmente em casos como os que a Nova Zelândia passou nos anos sob sua gestão.
Ex-primeira-ministra falou sobre as crises que enfrentou e sobre sua visão de liderança | Foto: Gabriella Autran/Folha de Pernambuco Contou, por exemplo, que, à época dos ataques às mesquitas, precisou ficar em uma delegacia por proteção.
“Assim que eles me deram a habilidade de viajar, o que foi menos de 24 horas depois, eu fui direto para Christchurch”, lembrou.
E destacou que só a proximidade pode munir o líder do que ele precisa para tentar resolver o problema.
“Você vê e ouve a experiência da comunidade afetada. Mas o mais importante: é a única maneira de saber o que precisamos fazer como um líder. Então, apesar das pessoas ao seu redor frequentemente dizerem: ‘Como um líder, fique longe de momentos imprevisíveis’, você tem que ser forte para ir contra isso”, sentenciou Jacinda.
Proximidade também é sinal de empatia, outro aspecto de um líder que Ardern vê como fundamental. Ela lembrou um conselho que lhe foi dado e que ela carrega até hoje: “Sua empatia é o que vai fazer você ser bom no seu trabalho”.
Ela conta que foi a primeira vez que deixou de ver sua sensibilidade como uma fraqueza, mas como uma força.
“É sobre não fazer isso como uma fraqueza, mas perceber que é aí que reside sua maior força e potencial”, pontua.
Foram esses aspectos que, do mesmo jeito que a fizeram uma líder mais forte, também a fizeram recuar. Em 2023, Jacinda renunciou ao cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia.
"Sou humana. Nós damos tudo que podemos e então chega o momento de parar e, para mim, esse momento chegou. Simplesmente não tenho energia para mais quatro anos", dizia parte do seu anúncio de renúncia.
Maternidade e culpa
Jacinda descobriu que estava grávida pouco tempo depois de ser eleita primeira-ministra. Durante a conversa no Relate, ela pontuou o quanto aquele momento foi assustador e desafiador na sua carreira: “Eu teria pensado que só poderia priorizar o trabalho e que não seria capaz de ter filhos”.
Mas a ex-primeira-ministra disse ter recebido muito amor e apoio dos neozelandeses, mas que nem isso, inicialmente, foi suficiente para lhe tirar o sentimento de culpa, fosse por estar com a filha, fosse por estar trabalhando.
“Toda vez que eu estava longe da minha filha, eu pensava que deveria estar com ela. Quando eu estava com minha filha, eu sentia que deveria estar fazendo meu trabalho pelo meu país”, revelou.
Depois, ela disse que apenas entendeu que aquilo fazia parte de ser mãe.
“Um forma diferente de poder”
Agora, ela se prepara para o lançamento de um livro sobre a sua história. “Uma forma diferente de poder” já está disponível para reserva, mas só estará disponível para compra de fato em junho deste ano.
Sobre o processo da escrita, a ex-primeira-ministra recorda que, quando deixou o cargo, não considerava a possibilidade.
“Eu acho que, muitas vezes, no novo mundo político, as pessoas usam isso como um dispositivo para meio que registrar todas as coisas que as pessoas erraram sobre elas ou ficar um pouco na defensiva e eu não senti necessariamente que queria fazer isso. Mas então alguém me disse de passagem: ‘E se você escrevesse sobre como é liderar? E se você apenas compartilhar um pouco dos bastidores?’”, relembra.
Na obra, ela cita, inclusive, que sofreu, em alguns momentos, de síndrome do impostor, que é quando a pessoa acha que não é boa o suficiente para estar na posição que ocupa.
Hoje, Jacinda vive em Massachusetts, nos Estados Unidos. É pelo país por onde ela começará uma série de lançamentos do seu livro, a partir de 1º de junho. Confira a agenda de lançamento:
Sobre a Zendesk
Sediada em São Francisco, nos Estados Unidos, a Zendesk existe desde 2007 e tem 17 escritórios espalhados pelo mundo, incluindo no Brasil, mais precisamente na cidade de São Paulo. Ainda há bases da empresa, além de na América do Norte, também na Europa, Ásia e no Pacífico.
A meta da Zendesk é, até 2027, alcançar US$ 3 bilhões em receita. Para conseguir o objetivo, segundo a própria empresa, tem acelerado seus investimentos em inovação orgânica e inorgânica para construir a plataforma de CX mais completa e impulsionada por IA do mercado.
De 2023 até 2025, a Zendesk não só lançou produtos importantes para o mercado, mas também adquiriu plataformas para somar ao trabalho já realizado. De lá para cá, foi lançada a Zendesk AI e foram adquiridas Tymeshift, Klaus, Ultimate e, mais recentemente, a Local Measure.
Zendesk Relate 2025
O evento anual da Zendesk, o Relate 2025, aconteceu em Las Vegas, Nevada, nos Estados Unidos, de 25 a 27 de março. O evento reuniu líderes da empresa e lideranças mundiais para falar sobre o futuro do atendimento ao cliente, criatividade, liderança e mais.
A edição 2026 já está marcada para acontecer de 18 a 20 de maio, em Denver, no Colorado.
Confira mais detalhes sobre o evento clicando aqui.
*A jornalista viajou a convite da Zendesk

